Iraquianos influentes que se opunham ao ex-presidente Saddam Hussein pegarão em armas contra as forças norte-americanas se a vida no país, hoje ocupado, não melhorar rapidamente, disse uma importante autoridade da Organização das Nações Unidas (ONU). Ghassan Salameh, conselheiro do brasileiro Sergio Vieira de Mello, representante especial da ONU no Iraque, disse à revista francesa Le Nouvel Observateur, em uma entrevista publicada nesta quarta, dia 13, que os EUA haviam relaxado desde a derrubada de Saddam.

– Muitos iraquianos influentes, que se sentiram inicialmente libertados com a queda do antigo regime, me garantiram que pegarão em armas se as forças da coalizão não obtiverem resultados positivos. O tempo está se esgotando – disse Salameh.

A autoridade da ONU não identificou os iraquianos que o advertiram sobre um eventual levante contra as forças de ocupação, formadas principalmente por norte-americanos e britânicos. Segundo Salameh, os protestos devidos à falta de energia na cidade de Basra, no sul do Iraque, por exemplo, mostravam que os britânicos, considerados mais dispostos a passar o poder para os iraquianos, também enfrentavam problemas em sua região.

O sul do Iraque, onde vivem principalmente xiitas - ramo do Islã majoritário no país e oprimido durante o regime de Saddam, um sunita -, havia estado calmo até então. Mas clérigos xiitas deram sinais claros de sua impaciência com a presença das forças invasoras. Salameh advertiu que pessoas comuns, cansadas da falta de serviços básicos quatro meses depois da queda de Saddam, poderiam dar apoio aos opositores das potências ocupantes.

– Na realidade, a população está surpresa. Ela não entende como um tal nível de eficiência durante a guerra pode ter desembocado em uma tal falta de eficiência durante a paz – afirmou.

As informações são da agência Reuters.