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Sem-teto deixam terreno da Volks em São Bernardo

Saída foi pacífica e teve acompanhamento da polícia para cumprimento de ordem judicial

Cerca de 5 mil pessoas acampadas em um terreno da Volkswagen em São Bernardo do Campo deixaram pacificamente o local nesta quinta, dia 7, após a Polícia Militar cercar a área a fim de cumprir uma ordem judicial para reintegração de posse. A operação contou com 800 policiais militares - 500 da tropa de choque e 300 do policiamento local - segundo o comandante da ação, coronel Tomaz Alves Cangerana. A polícia teve ainda o apoio de dois helicópteros e disponibilizou cães, cavalos e canhões de água para caso de conflito.

– O povo pobre não tem direito a nada – disse um dos ocupantes que se identificou apenas como "Snipes" e segurava uma faixa onde se lia "Os renegados pelo sistema".

Os sem-teto, alguns chorando, deixaram o local carregando colchões, sacolas com roupas e até móveis nas mãos ou em carrinhos de supermercado. Muitos saíram em um dos ônibus e caminhões enviados pela Volks, por determinação da Justiça, para auxiliar a retirada.

O momento de maior tensão ocorreu ainda pela manhã, quando a polícia chegou ao local. Os sem-teto prometiam resistir e fizeram um cordão humano na entrada do acampamento.

Quando a polícia deu um prazo de 30 minutos para que fossem retiradas os objetos, foi feita uma assembléia, na qual os sem-teto optaram pela saída pacífica do local. À tarde, policiais das tropas de choque entraram no terreno acompanhados por oficiais de Justiça para se certificar de que todos os sem-teto haviam saído.

Segundo o líder da coordenação estadual do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), João Batista Costa, os acampados iriam marchar para uma comunidade da Igreja Católica Jesus de Nazaré, em São Bernardo, para decidir sobre o que fazer.

– Isso é uma prova de que a Justiça, a lei que defende os nossos direitos, é muito mais rigorosa ao defender o interesse de uma multinacional – afirmou Batista Costa ainda no terreno da Volks.

Para o coordenador, o governo federal fez o que pôde para defendê-los, o que não aconteceu com os governos do Estado e do município.

Algumas barracas no acampamento estavam em chamas pela manhã. O fogo teria sido provocado pelos próprios acampados, disse a polícia. Aconteceu ao menos uma explosão, de um botijão de gás, causado pelo fogo. Não houve, contudo, registro de feridos.

Aldo Santos, vereador do PT que passou a noite no local, disse que os ocupantes resistiram até por volta das 9h. Antes de deixar o terreno de 225 mil metros quadrados, os sem-teto cantaram o hino nacional, segundo ele.

– Esta ação desmoraliza o prefeito, que ignorou a situação. As pessoas estão impressionadas com o grau de miséria dessas famílias – declarou o vereador de São Bernardo.

De acordo com Santos, a noite foi bastante tensa. A partir da meia-noite, a polícia fechou as ruas ao redor e posicionou homens em um prédio vizinho. O coronel Cangerana contou que houve então "uma negociação eficiente e o pessoal achou por bem sair".

Das 5 mil pessoas no local, a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) cadastrou 3,2 mil durante a madrugada. A desempregada Francisca de Souza, 20 anos, estava no acampamento desde o início da invasão, em 19 de julho, com a irmã e dois sobrinhos.

– Eu morava de aluguel, fiquei sabendo (do assentamento) e a gente entregou a casa e veio para cá. Agora não tenho para onde ir – lamentou.

Segundo a assessoria de imprensa da Volkswagen, o terreno está sendo negociado para ser vendido. A empresa não se pronunciou sobre a desocupação. As informações são da agência Reuters.

 
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