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 | 22/07/2003 17h04min

EUA confirmam morte de filhos de Saddam Hussein

Uday e Qusay foram mortos num conflito de seis horas em Mosul

Um porta-voz militar dos Estados Unidos confirmou nesta terça, dia 22, que os dois filhos de Saddam Hussein, Uday e Qusay, morreram durante uma batalha na cidade de Mosul, no norte do Iraque. Quatro pessoas acabaram morrendo no ataque.

– Temos certeza que Uday e Qusay morreram. Usamos várias fontes para identificar os indivíduos – disse o tenente-general Ricardo Sanchez em uma entrevista coletiva em Bagdá.

Sanchez disse que os militares receberam uma pista de que Qusay e Uday estavam na casa em Mosul que foi atacada por forças norte-americanas em uma batalha de seis horas.

A identificação dos corpos não foi simples. Antes da confirmação, autoridades americanas diziam que as vítimas se "parecem muito" com os dois filhos de Saddam Hussein. Os corpos não estavam em bom estado segundo as autoridades.

– O pessoal está otimista – disse as fontes ligadas às forças americanas antes da confirmação.

O terceiro corpo encontrado no local da batalha é de um adolescente, que pode ser de um neto de Saddam. Qusay tem um filho de 14 anos que viaja com ele, disse a autoridade. O quarto corpo é possivelmente de um guarda-costas.

Disparos foram ouvidos em várias partes de Bagdá após o anoitecer quando se espalhou a notícia de que os temidos filhos de Saddam Hussein poderiam estar mortos.

– É uma comemoração. As pessoas ouviram o que aconteceu – disse um porta-voz militar dos Estados Unidos.

A maioria dos tiros parecia vinda de fuzis Kalashnikov, mas os jornalistas também ouviram disparos de metralhadora e pequenas explosões.
Uday, 39, filho mais velho de Saddam, era temido em todo o país por sua crueldade. Qusay, nascido em 1966, era um dos homens de confiança do pai.

Os dois filhos de Saddam Hussein o ajudaram a disseminar seu reinado de terror e a mantê-lo no poder por quase 30 anos. O filho mais velho de Saddam, Uday, tinha uma inclinação por carros velozes, botas de caubói e por assassinatos, mas caiu em desgraça depois de bater em um empregado da família até que ele morresse. Ele parecia pronto para herdar o cargo de seu pai, mas foi baleado e gravemente ferido em uma tentativa de assassinato em 1996, aumentando as especulações sobre sua autoridade dentro da elite do governo.

Mesmo no círculo familiar, ele era considerado um ladrão em liberdade que tinha reputação de brutalmente ter matado ou ferido vários homens com suas próprias mãos. Depois que as forças dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha depuseram seu pai esse ano, Uday e Qusay desapareceram. Os dois filhos do ditador estavam no centro da família e das redes de clãs que seu pai usava para controlar o Iraque.

Durante o regime brutal de Saddam, Uday exerceu o poder e espalhou terror além de seus modestos títulos de presidente do Comitê Olímpico Iraquiano e chefe da Associação de Futebol Iraquiana. Em uma brincadeira quase cruel, ele foi presidente do Sindicato dos Jornalistas ao mesmo tempo que era dono do jornal mais influente do país, o Babel, e comandava o popular canal de TV Shebab.

Uday colecionava inimigos e gostava de levar uma vida cara enquanto o Iraque sofria com as sanções econômicas impostas pela Organização das Nações Unidas (ONU) depois da invasão do Kuweit em 1990. Ele se casou com a filha adolescente de Barzan Ibrahim al-Tikriti, um dos meio-irmãos de Saddam, mas acabou se separando depois. Seu ex-sogro disse em 2000 que Uday era tão "ganancioso e incapaz para o poder quanto dois notáveis desertores iraquianos".

Sua rivalidade com um dos desertores – o genro de Saddam, o tenente-general Hussein Hassan Kamel, que era o mentor de um programa secreto para aquisição de armas – levou à fuga de Kamel para a Jordânia em agosto de 1995. Kamel e seu irmão, também casado com uma outra filha de Saddam, assustaram-se quando Uday feriu com uma arma um outro meio-irmão do presidente, Watban Ibrahim al-Hassan.

Uday se encontrou com Kamel na fronteira do Iraque sete meses depois, quando ele voltou do exílio. Segundo informações, ele deu um tapa na cara de Kamel e levou-o junto de seu irmão para um carro. Em um período de três dias, Kamel, seu pai e seu irmão foram mortos a tiros. No início de 2000, a mãe de Kamel foi assassinada em sua casa em Bagdá.

Apesar de nunca ter sido uma autoridade, esperava-se que o insensível filho mais novo de Saddam, Qusay, tomasse o lugar de seu pai quando fosse o momento. Ele não chamava muito a atenção e era considerado mais tímido que Uday, mas depois que seu irmão foi ferido em 1996, ele assumiu o comando de importantes divisões do Exército.

Qusay controlou a elite da Guarda Republicana, os serviços de inteligência e uma força especial para Saddam, tornando-se o segundo homem mais poderoso do país. O filho mais novo sempre vestia roupas civis e respeitosamente saudava e beijava a mão de seu pai quando eles apareciam em público. Ele falava pouco em encontros de liderança ou do Exército, obedientemente ouvindo cada palavra de Saddam e tomando nota.

Como seu pai, diplomatas afirmam que Qusay era insensível em negociar com opositores, acabando com inquietações em 1998 e matando dissidentes. Ambos os filhos do ditador iraquiano tinham uma privilegiada formação em Bagdá, marcada por tolerância paterna pelo comportamento desobediente, indolência acadêmica e proteção de diversos guarda-costas.

– Uday era barulhento e vulgar enquanto Qusay era quieto e egoísta – disse a mãe de um colega de classe do dois ao escritor da biografia de Saddam Hussein, o palestino Said Aburish.

As informações são da agência Reuters.

 
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