O ex-ditador Saddam Hussein exigiu que os estrangeiros deixem o Iraque e ameaçou ataques contra os países cujas tropas participam da ocupação. As declarações foram tiradas de uma carta supostamente enviada por ele e enviada por fax a um jornal árabe nesta sexta, dia 12.

– Alertamos todos os cidadãos estrangeiros e todos aqueles que vieram com o ocupante covarde da necessidade de deixar o Iraque antes de 17 do próximo mês de junho – disse a carta de três páginas, recebida pelo jornal Al Quds Al Arabi.

Abdel-Bari Atwan, editor do jornal, acredita que o autor queria dizer 17 de julho, que marca o 35º aniversário da ascensão do partido Baath ao poder no Iraque.

– Se esse período termina sem que eles saiam, será nosso direito levar nossa defesa aos países deles. Conforme eles matarem os filhos do Iraque, vamos responder – disse a carta, assinada com o nome de Saddam.

A carta fez ameaças específicas contra Polônia e Dinamarca, dois países que já decidiram enviar tropas para ajudar os militares britânicos e norte-americanos a restaurar a ordem no Iraque. Atwan disse que a caligrafia e a assinatura são iguais às de quatro outras cartas atribuídas ao ex-ditador e mandadas ao jornal, também por fax, nas semanas que se seguiram à guerra. Ele disse que é impossível saber de onde a carta, datada de quinta, foi enviada. O texto será publicado na edição de sábado do jornal.

Apesar dos vários bombardeios de que foi alvo, não se sabe se Saddam e seus dois filhos, Uday e Qusay, foram mortos na recente guerra. O paradeiro deles é desconhecido desde 9 de abril, quando as tropas anglo-americanas invadiram Bagdá.

– Eu obviamente preferia muito mais que tivéssemos provas de que Saddam está morto, ou então que o tivéssemos vivo, sob nossa custódia. Acho que faz diferença, porque o desaparecimento permite que militantes do Baath percorram bazares e aldeias, como estão fazendo, dizendo que Saddam está vivo e vai voltar – disse nesta quinta o administrador civil dos EUA no Iraque, Paul Bremer.

Nesta semana, as tropas norte-americanas fizeram duas grandes operações ao norte e a oeste de Bagdá para tentar desmantelar uma suposta rede de simpatizantes de Saddam que estaria por trás dos recentes ataques contra militares dos EUA.

As informações são da agência Reuters.