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Empresários reclamam dos juros e Lula pede investimentos

Em encontro dos 10 maiores empresários com o presidente, Selic foi o principal tema

Empresários que estiveram reunidos com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta quarta, dia 21, manifestaram decepção com a manutenção da taxa de juros, mas, em sua maioria, se disseram confiantes na política econômica do governo e nas decisões do Banco Central. No encontro com os 10 maiores empresários do país, realizado no Palácio do Planalto, o presidente Lula pediu um plano de investimentos em infra-estrutura para ser entregue em 30 dias.

Ao deixar a reunião, o empresário Antônio Ermírio de Moraes, do grupo Votorantim, disse que vê dificuldades para a aplicação de recursos com o atual nível da taxa de juros, mantida em 26,5% ao ano, mas que a idéia é pensar em sugestões alternativas e parcerias entre a iniciativa privada e o governo federal.

– Temos que desenvolver parcerias, senão o Brasil fecha. Saímos com a incumbência de verificar a situação de investimentos nestas áreas e propor soluções – disse o empresário aos jornalistas.

O empresariado, individualmente ou por meio de suas entidades de classe, reivindicou nos últimos dias a redução nos juros alegando o recuo da inflação. Antônio Ermírio ironizou o impacto da alta dos juros e chegou a pedir uma "aspirina" aos jornalistas quando informado da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada praticamente no mesmo horário em que a reunião terminava.

Ele se surpreendeu quando soube que não houve a adoção de um viés de baixa – o que permitiria a redução dos juros antes da próxima reunião do Copom.

– O Brasil precisa voltar a crescer, o país está parado. Não quero dizer que se baixe nem um, nem dois, nem três, nem quatro, mas que tenha-se pelo menos um viés para dizer que vai melhorar. Com essa taxa de juros elevada, acredito que muita gente sai daqui decepcionada – disse Antônio Ermírio.

Outros empresários que participaram do encontro preferiram manifestar sua confiança na política econômica.

– Esse juro não é de animar, mas é uma política firme e importante que o Banco Central está disposto a manter, uma política séria de combate à inflação. Temos que ver que o governo fez um esforço enorme para conquistar a confiança – afirmou o empresário Jorge Gerdau Johannpeter, presidente do conselho do grupo Gerdau.

Lembrou ainda que as políticas são de longo prazo, apesar de a decisão sobre os juros ter impacto imediato.

– O Copom está mostrando que suas decisões não podem ser tomadas por pressões políticas, mas sim dentro de uma estratégia de atingir metas de longo prazo. Eu, como empresário, gostaria que os juros tivessem caído, mas se estivesse lá, sentado na cadeira, talvez tivesse tomado decisão semelhante – completou.

Para Armando Monteiro Neto, presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), a decisão do Copom é frustrante.

– É uma decisão que frustra o setor produtivo, havia condições de iniciar, pelo menos, um movimento de redução – disse Monteiro Neto.

Roger Agnelli, presidente da Companhia Vale do Rio Doce, citou as áreas de transportes, portos, energia elétrica como fundamentais para receber investimentos. Quanto aos juros, Agnelli concorda com Gerdau.

– É preciso prudência – concluiu.

Os empresários relataram ainda que o vice-presidente da República José Alencar, que também participou da reunião, mencionou a questão dos juros, apesar de insistirem que este não era tema do encontro.

– Presidente, de novo, os juros têm de baixar! – teria dito Alencar ao final do encontro, após levantar da cadeira.

Neste momento, o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, teria erguido a mão para interromper Alencar e respondido que os juros baixariam no momento oportuno. Nas últimas semanas, Alencar, que também é empresário, vem fazendo insistentes pedidos para que os juros caiam.

As reformas também foram rapidamente discutidas na reunião, da qual fizeram parte ainda os empresários Lázaro Brandão (Bradesco), Emílio Odebrecht (Odebrecht), Alain Belda (Alcoa), Marcos Galvão Filho (Queiroz Galvão), José Augusto Marques (Associação Brasileira da Infra-Estrutura) e Ivoncy Iochpe (Iochpe), além do ministro da Fazenda, Antônio Palocci.

As informações são da agência Reuters.

 
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