A poucos dias da eleição presidencial da Argentina e um novo fato muda os rumos eleitorais do país. Por meio de uma carta divulgada pelos meios de comunicação locais, o ex-presidente Carlos Menem desistiu de disputar o segundo turno da corrida eleitoral no próximo domingo, dia 18.

Mesmo com a alegação, por parte de alguns aliados do ex-presidente, de que a suposta carta de renúncia seria falsa, a desistência parece já estar concretizada. Na noite desta terça, Menem chegou a aparecer em uma janela do hotel onde funciona seu escritório central de campanha e saudou sorridente a seus partidários, sem dizer nada sobre sua renúncia. Um pronunciamento do ex-presidente é esperado para a manhã desta quarta.

A informação, no entanto, foi confirmada por um de seus assessores.

– Sim, sim, sim – disse Diego Guelar, ex-embaixador argentino nos EUA, à Reuters por telefone, ao ser indagado se Menem havia decidido renunciar à campanha.

Com isso, o seu adversário, o governador da província de Santa Cruz e também peronista  Néstor Kirchner, deverá assumir a Presidência do país no próximo dia 25, no lugar de Eduardo Duhalde.

A legislação eleitoral argentina prevê o cancelamento do segunto turno com a desistência de um dos candidatos e ratifica a vitória daquele que continou no pleito. Mesmo saindo vencedor da disputa, a desistência de Menem não deverá agradar Kirchner, que chegará ao poder com apenas 22% dos votos válidos obtido no primeiro turno das eleições e temeroso de não conseguir apoio político suficiente para governar o país.

Vencedor do primeiro turno com 24,45% dos votos, o ex-presidente decidiu abandonar a corrida eleitoral devido à forte rejeição e à pressão de governadores alidados, que temiam que o fracasso nas urnas refletisse nas próximas eleições provinciais. De acordo com as últimas pesquisas, o governador de Santa Cruz liderava a intenções de voto para o segundo turno com cerca de 30 a 40% de vantagem.

Os sinais de sua renúncia foram dados na tarde desta terça. Menem, que até a noite de segunda dizia repetidamente não ter a intenção de abandonar o pleito, decidiu cancelar uma entrevista coletiva. Cancelou também um ato de campanha na Província de Buenos Aires, suspendeu a propaganda eleitoral em um canal de televisão e realizou uma reunião inesperada com a cúpula de seu comitê.

Menem poderá comunicar a qualquer momento a desistência oficial. Uma vez feito isso, o ex-presidente deverá comunicá-la à Junta Eleitoral, que proclamará a vitória de Kirchner sem que haja necessidade de nova votação. O novo presidente será empossado no dia 25 deste mês