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Haiti  | 14/01/2010 11h18min

Angústia por notícias faz filha de militar desaparecido passar 24 horas na internet

Coronel Zanin está entre os quatro brasileiros desaparecidos

Michele Iracet  |  michele.iracet@zerohora.com.br

Ela passa o dia na internet à espera de uma notícia do coronel João Eliseu Souza Zanin, de 46 anos, 30 deles dedicados ao Exército. O pai de Camille de França Souza Zanin, de 18 anos, foi convocado de última hora para ajudar na missão de Paz brasileira no Haiti.

Na semana passada, Zanin correu para pegar o passaporte, tomar vacina e deixar tudo pronto para a viagem. Partiu na última segunda-feira. Na terça-feira, algumas horas antes do terremoto que abalou o país, ligou para casa. Depois disso, a família não soube mais notícias.

— Ia ter uma troca de tropa, por isso ele foi às pressas. É por isso que eu não acredito que tenha acontecido algo com ele. Deus não iria tira-lo da gente assim correndo, pra ele não voltar mais. Não consigo conceber essa ideia.

No último contato, Zanin informou que estava de saída da base militar, o que aumenta a aflição da família:

— Ninguém tem certeza onde meu pai está. Ele poderia ter ido em um prédio que desabou ou pode estar perdido no meio da rua.

A família é de Campinas e já morou em Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul, devido às constantes transferências do coronel. Em 2003 e 2004, Camille e o irmão de 15 anos estudaram no colégio militar de Santa Maria, período em que o pai atuou no Estado. Atualmente moram em Brasília, onde aguardam a chegada dos parentes.

— É tão difícil ficar longe da família numa hora dessas. A gente não dorme direito, não come. Minha mãe está desesperada e precisou tomar calmante para dormir.

Segundo Camille, o Exército mantém a família informada constantemente, mas por enquanto não há novidades.

— Eles continuam as buscas. A prioridade agora é recuperar os militares desaparecidos. O meu pai e mais três.

Essa entrevista foi feita por meio do msn da zerohora.com (zerohora.com@gmail.com)  disponibilizado para auxiliar os parentes que estão em busca de informações de familiares desaparecidos após o terremoto. No nick do avatar da jovem, uma mensagem de esperança para o pai: "Pai, eles já vão te achar! Aguenta firme! Seu anjinho da guarda está com você!"

Cenário é de guerra no país caribenho

É um resumo da desgraça provocada por um tremor de 7,3 graus na escala Richter que, nesta terça-feira, matou dezenas de milhares de pessoas e atingiu pelo menos 3,5 milhões. A morte de dois militares gaúchos que, em meio à miséria do Haiti, serviam às forças de paz da ONU, foi confirmada pelo Exército. Outros 12 brasileiros também morreram no tremor de 7,3 graus na escala Richter — entre eles a missionária Zilda Arns, 73 anos.

OS DEPOIMENTOS

>> Mulher de militar gaúcho relata desespero do marido durante o terremoto

>> Missionária de Santa Maria conta o horror e o trabalho com Zilda Arns

>> "O prejuízo é inestimável", diz adida cultural da embaixada do Haiti


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