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 | 29/12/2009 19h32min

Fusões e aquisições movimentam mais de R$ 100 bilhões no Brasil em 2009

Segmento responde por 45,5% do volume financeiro

Atualizada em 30/12/2009 às 07h04min Sebastião Garcia

Um levantamento feito pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capital (Anbima) mostrou que transações envolvendo fusões e aquisições ultrapassaram os R$ 100 bilhões este ano, grande parte no setor de alimentos, como o de carne bovina. O segmento de papel e celulose ficou em segundo lugar. As negociações envolvendo os dois segmentos é o tema da segunda reportagem da série especial produzida pelo Canal Rural.

Este foi um ano em que as empresas fecharam grandes negócios. Em transações comerciais entre elas, foram R$ 116 bilhões de janeiro a setembro. Um terço a mais que no mesmo período do ano passado. O setor de alimentos liderou os negócios, respondendo por 45,5% do volume financeiro.

O presidente da Associação que representa as indústrias de exportação de carnes do Brasil diz que isso pode ser traduzido como uma estratégia de segurança das empresas.

– As empresas mais robustas, com melhor gestão e capacidade financeira tiveram oportunidade de adquirir, fundir ou até alugar a capacidade industrial das outras. Isso dá a eles uma segurança do ponto de vista econômico muito grande, pois não dependem mais de um país ou um produto. Eles estão bem diversificados nesta área – diz o presidente da Abiec, Roberto Gianetti da Fonseca

É uma estratégia que envolve não só os grandes, afirma o advogado Mario Nogueira, especialista no assunto.

– No momento em que você consolida na parte industrial você tem alguns reflexos para trás. Um reflexo importante é a formalização. Você vai espalhando-a no campo.

Marco Mariani, produtor de frangos e suínos no oeste de Santa Catarina, está preparado pra esta formalização. Ele mantém duzentas matrizes no plantel e é integrado a uma cooperativa que recebe os animais que cria. Ele só espera agora que a união de grandes empresas seja boa também pra ele.

– Se fosse possível abrir os mercados no exterior, se conseguissem se unir e vender esse excesso que tem no mercado, seria uma boa – disse o suinocultor

É essa a intenção das empresas, Ainda mais em tempos pós-crise como agora, como afirma o ex-ministro Pratini de Moraes, que dá assessoria a um grande grupo do setor de carnes também.

– Todos os momentos de crise que nós passamos como final de 2007 e em 2008 são períodos que muitas empresas saem do mercado, vem alguém e as absorve. Isso é normal em todos os setores.

O grupo no qual Pratini de Moraes trabalha foi responsável por uma grande transação que mexeu com o mercado este ano. Em setembro, a maior empresa do setor de carne bovina do Brasil, a  JBS-Friboi,  negociou a fusão com a sua  rival Bertin. Nasceu aí uma sociedade formada pelas ações da primeira, mais 73,1% do capital social da segunda.  E surgiu também um dos maiores conglomerados do setor de carnes, com presença  em 23 países e faturamento de US$ 30 bilhões por ano. Quem diria que este pequeno açougue aberto em 1953 em Anápolis, no Estado de Goiás,  se transformaria na terceira empresa brasileira em receita, atrás apenas da Petrobras e da Vale do Rio Doce. Com a incorporação do Bertin, a JBS tem capacidade agora para abater 90 mil cabeças de gado por dia. Nada menos que 8% de todo o rebanho bovino do mundo.

Outra transação comercial fortaleceu ainda mais o grupo este ano. Com oferta de US$ 2,5 bilhões a JBS comprou 64% da Pilgrim’s Pride, um dos ícones do capitalismo agropecuário americano, com sede no Texas. A maior empresa do setor de aves nos Estados Unidos foi uma das vítimas da crise, e se viu obrigada a pedir concordata um ano atrás e aceitar a sociedade com quem tivesse capital, no caso, a brasileira JBS.
 
– Com isso, nós vamos ingressar com pé direito no mercado de frango que, junto com boi, carneiro e suíno, abrange as principais proteínas de animais – afirma Pratini de Moraes.

Seguindo o caminho dos frigoríficos, também o setor de leite mexeu no mercado apostando na concentração e na consolidação neste último ano.

– Nós temos de 4% a 5% do leite brasileiro, então é um setor ainda bastante diluído que, com certeza tenderá a concentrar no futuro – explica o presidente do Grupo Bom Gosto, Wilson Zanatta.

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