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 | 07/12/2009 14h17min

Copenhague pode ser última chance, diz ministra anfitriã

Participação de Obama no final foi considerado um sinal de que o acordo está mais próximo

A presidente da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-15) e ministra do Clima da Dinamarca, Connie Hedegaard, disse hoje que a chave para um acordo ambiental é encontrar uma forma de elevar e canalizar recursos públicos e privados para países pobres nos próximos anos, com o objetivo de ajudá-los a lutar contra os efeitos das mudanças climáticas. Segundo ela, se os governos perderem essa chance, podem nunca mais ter uma oportunidade melhor:

— Esta é a nossa chance. Se a perdermos, pode levar anos até que consigamos uma melhor. Se é que isso vai acontecer.

A maior e mais importante conferência sobre mudanças climáticas da história foi aberta hoje em Copenhague com diplomatas de 192 países. O encontro de duas semanas causa grande expectativa após uma série de promessas por parte de países ricos e em desenvolvimento para desacelerar suas emissões de gases de efeito estufa.

O primeiro-ministro dinamarquês disse que 110 chefes de Estado e de governo participarão dos últimos dias da conferência. A decisão do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, de comparecer ao final da reunião, e não no meio do evento, foi considerada um sinal de que o acordo está mais próximo. Em jogo está o objetivo de fazer com que o mundo deixe de usar combustíveis fósseis e outros poluentes e passe a utilizar fontes mais limpas de energia, além da transferência de verbas de países ricos para nações pobres, durante décadas, para ajudá-los a se adaptarem às mudanças climáticas.

A conferência foi aberta com imagens de crianças de vários lugares do mundo pedindo aos delegados que as ajudem a crescer num planeta sem problemas de aquecimento. Ativistas também tentam chamar a atenção para suas campanhas contra o desmatamento e pelo uso de energias limpas e baixo crescimento das emissões de carbono. Mohamad Shinaz, um ativista das Maldivas, entrou num tanque com quase 750 litros de água fria para ilustrar o que o aumento do nível dos mares está fazendo a seu país insular:

— Eu quero que as pessoas saibam o que está acontecendo. Temos de parar o aquecimento global.

Cientistas dizem que sem um pacto, a Terra vai enfrentar as consequências da elevação das temperaturas, o que vai resultar na extinção de espécies de plantas e animais, na inundação de cidades costeiras, em eventos climáticos extremos, em secas e na disseminação de doenças. "As evidências são muito claras" de que o mundo precisa de ações para combater o aquecimento global, afirmou Rajendra Pachauri, presidente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, pela sigla em inglês), o quadro da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o assunto.

Ele defendeu as pesquisas sobre o clima apesar da controvérsia sobre e-mails roubados de uma universidade britânica que, para os céticos, mostram que os cientistas conspiraram para esconder evidências que não se ajustam às suas teorias.

— O recente incidente de roubo de e-mails de cientistas na Universidade de East Anglia mostra que algumas pessoas podem chegar ao ponto realizar atos ilegais, talvez numa tentativa de desacreditar o IPCC — disse ele aos participantes.

Metas

As negociações, que já duram dois anos, só recentemente mostraram sinais de avanço com os compromissos dos Estados Unidos, da China e da Índia de controlar as emissões de gases causadores do efeito estufa. A primeira semana da conferência será dedicada à melhoria do rascunho do acordo. Mas grandes decisões terão de esperar a chegada, na semana que vem, de ministros de Meio Ambiente e dos chefes de Estado nos últimos dias da conferência, que termina no dia 18 de dezembro.

— O tempo para declarações formais acabou. O tempo para falar novamente sobre posições conhecidas ficou no passado. Copenhague só será um sucesso se resultar em ações significativas e imediatas — afirmou o Yvo de Boer, chefe do Secretariado para Mudanças Climáticas da ONU.

Dentre essas decisões está a proposta da criação de um fundo de US$ 10 bilhões anuais, pelos próximos três anos, para ajudar os países pobres a criarem estratégias para as mudanças climáticas. Depois desse prazo, centenas de bilhões de dólares serão necessários a cada ano para que o mundo estabeleça um novo caminho energético e se adapte às alterações do clima.

— O acordo que convidamos os líderes a assinarem vai afetar todos os aspectos da sociedade, da mesma forma que acontece com as mudanças climáticas. Os negociadores não podem fazer isso sozinhos, nem os políticos. No final, a responsabilidade recai sobre os cidadãos do mundo, que, afinal, vão sofrer as consequências fatais se falharmos em agir — disse o primeiro-ministro da Dinamarca, Lars Loekke Rasmussen.

Um estudo divulgado ontem pelo Programa de Meio Ambiente da ONU indica que as promessas de países industrializados e grandes nações em desenvolvimento de redução de emissão de gases de efeito estufa não chega ao nível que, segundo os cientistas, é necessário para evitar que a média das temperaturas suba mais do que 2°C.

Agência Estado
 
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