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 | 27/11/2009 10h08min

Casos de Gripe A no velho continente preocupam médicos brasileiros

Altos índices de incidência do vírus na Europa podem significar novo surto no Brasil

A Europa está assustada com a velocidade da gripe A nas últimas semanas. O avanço reproduz, em solo europeu, cenas de muita confusão já vistas no Brasil – pessoas buscando atendimento e dúvidas sobre os riscos da doença. O novo surto reacende o debate sobre a força que uma nova onda poderá ter entre os brasileiros nos próximos meses e reforça os cuidados para quem viaja às áreas de risco.

O rápido avanço da gripe A em solo europeu, à medida que se aproxima o inverno no Hemisfério Norte, deixa autoridades e médicos brasileiros em alerta.

A média diária de mortes aumentou três vezes no continente desde o final do mês passado, e 18 países registram nível “alto” ou “muito alto” de atividade do vírus influenza conforme o mais recente relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS). Por isso, quem tem viagem marcada para a região deve seguir as mesmas recomendações que marcaram o combate à epidemia em solo rio-grandense.

Entre 21 e 26 de outubro, as autoridades europeias contabilizaram 45 mortes em decorrência da pandemia (média diária de 7,5). De 13 a 20 de novembro, essa cifra saltou para 181 vítimas (média de 22,6 por dia). Na França, medidas extremas como o fechamento temporário de escolas, já foram empregadas para tentar frear a disseminação do microorganismo. Em vários países, os governos procuram vacinar as populações de risco, como crianças e gestantes.

O novo refúgio do vírus da gripe é observado com preocupação pelos epidemiologistas porque pode influenciar a dimensão de uma eventual segunda onda da doença no país.

– O que preocupa não é tanto o recrudescimento do surto na Europa, mas a chance de isso significar, com a volta do frio, um novo surto de proporções grandes entre nós. Só uma pequena parte das pessoas suscetíveis teve a gripe no nosso meio – avalia o epidemiologista Ricardo Kuchenbecker, do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (RS).

Kuchenbecker acredita que, durante o verão no Hemisfério Sul, o retorno de viajantes que se contaminarem em solo europeu deve resultar apenas em casos isolados – já que as doenças respiratórias costumam diminuir de intensidade durante os períodos de calor. Porém, com a volta das baixas temperaturas, o grau da pandemia no Norte do planeta tende a estimular a nova migração do vírus para o Brasil.

– Eles estão enfrentando apenas agora o que nós passamos durante o inverno, já que, quando a doença surgiu, era primavera no Hemisfério Norte – afirmou o diretor do Centro Estadual de Vigilância em Saúde do Rio Grande do Sul, Franisco Paz.

Ele informa que não haverá um sistema ostensivo de controle de viajantes provenientes da Europa, embora qualquer pessoa com sintomas visíveis de gripe deva ser orientada a procurar um médico.

– Simplesmente não há como fazer um controle ativo, mas vamos manter a atenção nos aeroportos e nas fronteiras – afirma.

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