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 | 18/11/2009 09h20min

Pesquisas que apontam produtividade menor preocupam líderes do agronegócio gaúcho

Stephanes prometeu enviar equipe do Ministério e da Embrapa para conversar com especialistas da Farsul

Responsáveis por 69% da área cultivada no Rio Grande do Sul, os grandes produtores rurais estão se sentindo acossados. Cobranças sobre os níveis de produtividade, legislação ambiental e comparações com a agricultura familiar colocam em dúvida os resultados de tradicionais lavouras gaúchas, levando líderes do setor a se mobilizar.

O estudo preliminar da Embrapa que aponta a lavoura gaúcha de soja como a menos produtiva entre os cinco Estados analisados foi anunciado pelo ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, ao presidente da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Carlos Sperotto, num telefonema na segunda, dia 16, pela manhã. A informação atiçou os agricultores, levando Sperotto a procurar Stephanes em busca de mais dados sobre a pesquisa.

Pressionado, o ministro teria prometido enviar, na próxima semana, uma equipe do Ministério e da Embrapa para conversar com especialistas da Farsul. A surpresa com o episódio foi porque as informações partiram de uma pasta comandada por Stephanes, um aliado dos ruralistas. Quando o estudo sobre produtividade chegou às porteiras, outra pesquisa já causava alvoroço. Divulgado em setembro pelo IBGE, o Censo Agropecuário 2006 revela o bom desempenho da agricultura familiar, despertando um antagonismo latente.

Descontentamento com dados não se limita ao RS

Em artigo publicado nessa terça, dia 17, no jornal Zero Hora, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, destaca que as pequenas propriedades conseguem, em áreas menores, uma renda maior. Com base nas declarações concedidas aos recenseadores, o valor bruto da produção chega a R$ 9 bilhões graças à diversificação, ante R$ 7,7 bilhões da produção não familiar. E mais: os pequenos estabelecimentos – de até quatro módulos rurais – empregam mais que as grandes áreas.

– A posição do IBGE nos causou surpresa. É uma tentativa de criar uma situação constrangedora e jogar a agricultura familiar contra a empresarial – reclama o presidente da Farsul.

O descontentamento com os dados do IBGE não se limita ao Estado. A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) divulgou nota alertando para erros na pesquisa. Entre os problemas, a entidade reclama que o rebanho bovino é maior que o apontado pelo IBGE, com uma diferença de 34,3 milhões de cabeças. O ministro Cassel, porém, defende a pesquisa.

– Vamos fazer um apelo à inteligência: houve um erro na segunda casa sobre o item concentração de terra. Não foi um erro de conceito – comenta.

Cassel faz questão de afirmar que a convivência entre as duas agriculturas é possível. Essa, aliás, será a tônica da campanha da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, nas eleições de 2010. A preocupação do Planalto com os efeitos desses embates é tanta que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva costura a ampliação do prazo para a adaptação dos produtores ao Código Florestal. Em outra frente, colocou novamente na geladeira a revisão dos índices de produtividade, usados para análise de desapropriação de áreas.

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