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 | 28/10/2009 15h36min

Amazônia pode ser laboratório de novo modelo de desenvolvimento, diz Ignacy Sachs

Segundo ele, encontrar formas de desenvolvimento sustentável na região é fundamental para o planeta

Com 25 milhões de habitantes e a maior biodiversidade do planeta, a Amazônia pode ser um “laboratório” para as sociedades do futuro. A avaliação é de um dos maiores pensadores do desenvolvimento sustentável no mundo, o diretor do Centro de Estudos sobre o Brasil Contemporâneo da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais de Paris, Ignacy Sachs.

— É preciso colocar a Amazônia na rota do desenvolvimento ambientalmente sustentável e socialmente includente. Ela não é nem um museu nem um terreno a ser destruído sem critérios — defendeu Sachs, em apresentação durante reunião do Fórum Amazônia Sustentável.

Encontrar formas de desenvolvimento sustentável na região, segundo Sachs, é fundamental não só para o Brasil, mas para o planeta, que depende do futuro da floresta para manutenção de condições de sobrevivência, principalmente diante das ameaças das mudanças climáticas.

— Nesse sentido, somos todos amazônidas, já que o futuro da espécie vai depender em boa medida do futuro que se dará à Amazônia — ponderou.

Ele acredita que os caminhos para aplicar o modelo de “biocivilização moderna” à Amazônia dependem de medidas que passam pela regularização fundiária e até por ideias poucos usuais, como o uso de dirigíveis como opção à construção de estradas na região, vetores históricos do desmatamento.

— Ao discutir o futuro da Amazônia, temos que olhar todo o leque de tecnologias, desde as mais simples até as mais futuristas. O dirigível tem um futuro nessa região do mundo. Transportar produtos perecíveis da Amazônia para o resto do Brasil é insustentável — disse o diretor.

Sachs também defendeu mais investimentos em pesquisa sobre a biodiversidade, a necessidade de implementação efetiva do Zoneamento Econômico Ecológico e a exigência de certificação para os produtos florestais.

Ao comentar o mercado de carbono, defendido como uma das soluções para financiamento do mecanismo de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação (Redd), Sachs recomendou cautela na venda de créditos gerados a partir da floresta para que não se tornem uma licença para que os compradores continuem a emitir gases de efeito estufa.

— Créditos de carbono são como indulgências que os papas vendiam na Idade Média, quando se podia assassinar um parente se tivesse o necessário para pagar uma indulgência. O Brasil não pode deixar de entrar nesse jogo, mas as soluções também têm que ser buscadas fora do mercado de carbono — concluiu Ignacy Sachs ao elogiar o Fundo Amazônia, baseado na ideia de contribuições voluntárias para financiar a redução do desmatamento.

AGÊNCIA BRASIL
 
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