Manifestantes xiitas iraquianos exigiram a saída das tropas norte-americanas durante peregrinação à cidade de Karbala realizada na quarta-feira, dia 23. Os líderes religiosos disseram que mais de 1 milhão de pessoas participaram de uma espécie de procissão ao túmulo de Imam Hussein, neto do profeta Maomé, morto no local há 13 séculos.

O governo dos Estados Unidos teme interferência do Irã junto ao grupo muçulmano que foi subjugado pela minoria sunita durante a ditadura de Saddam Hussein. 

– Deixamos claro ao Irã que seríamos contra qualquer interferência externa no caminho do Iraque para a democracia – ameaçou o porta-voz da Casa Branca, Ari Fleischer.

Os EUA acreditam que agentes treinados no Irã cruzaram a fronteira para o sul do Iraque desde a queda de Saddam e estão trabalhando em prol de interesses iranianos. Em Teerã, o líder xiita iraquiano Aiatolá Mohammad Baqer al-Hakim disse estar disposto a cooperar com os Estados Unidos e outros países em prol da estabilidade no Iraque, mas afirmou que a peregrinação mostrou que os iraquianos são capazes de formar seu próprio governo. Segundo ele, não há comparação direta entre o Iraque e a república islâmica do Irã.

– Não devemos fazer uma cópia da revolução iraniana e estabelecê-la no Iraque – disse.

Durante décadas,  os xiitas foram reprimidos por Saddam, representante da minoria sunita. Agora poderia ser o momento perfeito para a desforra dos aiatolás. O controle da cidade de Karbala, conforme publicou o jornal espanhol El pais, estaria nas mãos do grupo mulçulmano, que representa cerca de 60% da população iraquiana.

De acordo com o periódico, a nova administração estaria dando ênfase aos serviços de segurança, abalados após a queda do regime do ditador do Iraque. Uma série de atos de vandalismos no país deixaram um rastro de destruição no país.

Sob o comando dos xiitas, a cidade teria reestabelecido a ordem. Um conselho administrador que conta com a presença de um líder espiritual seria o responsável pela calmaria dos saques em Karbala.