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 | 15/10/2009 18h10min

Produzir em área degradada é mais caro do que derrubar floresta, diz ex-presidente da Embrapa

Inovação e sustentabilidade no setor agrícola foram temas de fórum em São Paulo

Atualizada às 19h59min Renata Maron | São Paulo

Em pleno século 21, a fome ainda preocupa. De acordo com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), a atualmente são mais de um bilhão de pessoas subnutridas no mundo inteiro.

Em 2050, o mundo vai ter 2,3 bilhões de pessoas a mais, o que significa que daqui a quarenta anos a população mundial vai ultrapassar os nove bilhões de pessoas. Por isso, segundo a FAO, vai ser necessário que a produção agrícola aumente em 70%.

O Brasil tem um papel fundamental neste processo. O assunto foi tema de um fórum realizado nesta quinta, dia 15, em São Paulo. No evento, os especialistas alertaram que ainda há muitos desafios para produzir de forma sustentável, aumentar a qualidade dos produtos e melhorar também a produtividade.

O ex-presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Sílvio Crestana disse que hoje, produzir numa área degradada é mais caro do que derrubar floresta. Para recuperar um solo, o custo médio é de R$ 2 mil por hectare. Se a opção for o desmatamento, o valor cai para apenas R$ 600 em média.

Na Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o clima, que ocorre em Copenhague, no mês de dezembro, o Brasil vai ter a oportunidade de propor soluções. Crestana defende que os países desenvolvidos e organizações internacionais paguem ao Brasil pela recuperação das áreas degradadas.

— Nós temos uma maneira prática de resolver duas coisas, diminuir o aquecimento climático global e aumentar a produção de alimentos que o mundo está precisando. Nós temos que ser premiados e não punidos, nós temos que ser pagos por isso — disse o ex-presidente e atual pesquisador da empresa.

Para a indústria de defensivos agrícolas, o desafio é continuar desenvolvendo produtos menos agressivos para quem aplica na lavoura e para quem consome os alimentos. Em 40 anos, houve uma redução de 90% na quantidade de agrotóxicos aplicada nas plantações. Antes eram dois quilos por hectare, enquanto agora são 200 gramas.

— Nós buscamos pesados investimentos na área de pesquisa e desenvolvimento. A produção de defensivos cada vez mais seletiva que atinjam exclusivamente a praga alvo. Contribuindo para a manutenção da biodiversidade e o menor impacto ambiental — disse o diretor executivo da Associação Nacional de Defesa Vegetal, José Otávio Menten.

Representantes do varejo também participaram das discussões. Uma das maiores redes de supermercados do país lançou há dois meses um programa que permite comprar mais do agricultor que investir em qualidade.

— A melhor performance, principalmente em termos de qualidade são reconhecidas, dando maior volume de negócios para quem se sobressair — explicou o diretor comercial da rede varejista, Leonardo Miyao.

O ministro de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Daniel Vargas, disse que falta ao agronegócio um planejamento a longo prazo como já ocorre nos setores de energia e transportes. Ele defende para os próximos vinte anos um processo de industrialização no setor rural e também o fim das diferenças entre agricultura familiar e empresarial.

— As prioridades já estão construídas, mas falta detalhá-las e submetê-las ao país para um debate amplo, forte e que isso resulte em apoio político necessário para que essas iniciativas comecem a ser implementadas o mais rápido possível — concluiu Vargas.

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