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 | 14/10/2009 18h54min

Exportações de café devem continuar em queda até 2010

Em setembro, Brasil exportou 12% a menos em volume do que no mesmo período do ano passado

Atualizada às 20h04min Mariane De Luca | São Paulo (SP)

As exportações de café devem continuar em queda pelo menos até a metade do ano que vem. A previsão é de analistas de mercado. A redução na receita se acentuou no mês de outubro, influenciada principalmente pelo dólar baixo. No Porto de Santos, o café é um dos principais produtos exportados e a queda na movimentação de contêineres já chega a 20% este ano.

Não é de hoje que a situação do produtor de café preocupa. Mas nos últimos meses a queda na receita com as exportações do produto deixou o cenário ainda pior. Em setembro, o Brasil exportou 12% a menos em volume do que no mesmo período do ano passado. No acumulado do ano até o mês passado em receita, houve redução de 7% e, agora em outubro, a situação não é diferente: a média diária dos embarques está 32% abaixo da registrada no mesmo mês de 2008.

A redução nas vendas externas de café tem três explicações, de acordo com o analista Eduardo Carvalhes. Primeiro, o preço baixo que tem desestimulado o produtor a vender. A safra também foi menor este ano. E o dólar em baixa prejudica os exportadores. Motivos suficientes para que as previsões continuem pessimistas.

– A tendência daqui pra frente é que os embarques mensais sejam menores que no ano anterior e também a partir de dezembro comece a cair em relação ao mês imediatamente anterior, ou seja, nós estamos em ano de ciclo baixo, a tendência é cair mesmo porque nós não vamos ter, inclusive, café suficiente para manter os números do ano passado – avalia Carvalhes.

O ex-governador de São Paulo Orestes Quércia é um dos grandes produtores de café do país. O empresário trabalha com cafés especiais, setor que não teve uma queda tão acentuada nas exportações. Mesmo assim, Quércia fez um alerta quando aos prejuízos do dólar baixo na cafeicultura.

– O café é cíclico, tem fases péssimas, e nós estamos passando por uma fase péssima. É preciso que haja alguma coisa no que tange a questão do dólar ou no que tange a questão do preço, de o governo intervir para colaborar com a política de café.

Responsável pelo escoamento de 65% da produção brasileira de café, o Porto de Santos também está sentido os reflexos da diminuição dos embarques. De acordo com a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), a movimentação de contêineres caiu 20% de janeiro até agora. E a expectativa da Codesp é de fechar o ano com queda de 15% nessa movimentação.

– Essa questão do café não é somente no porto de Santos, é em nível mundial, houve redução de movimentação, em alguns portos a redução foi de mais de 30%, e a expectativa é que na virada do ano haja uma retomada de crescimento da movimentação dos café e dos demais produtos – afirma o presidente da Codesp, José Correia Serra.

Ele lembra ainda que a redução dos embarques teve um lado bom. Os investimentos de quase R$ 5 bilhões previstos para os próximos três anos e que devem triplicar a capacidade do Porto de Santos no médio prazo continuam de pé.

– Nós sabemos que é uma coisa meramente pontual. Estamos acelerando os investimentos porque houve uma diminuição da pressão logística sobre o porto, sobre a infraestrutura do porto.

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