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 | 30/09/2009 15h25min

CNI diz que mercado interno é responsável pela recuperação da economia

Projeção da taxa de desemprego diminuiu de 9% para 8,1%

Atualizada às 19h50min

O mercado interno tem sido responsável pela recuperação da economia brasileira, conforme as projeções do boletim Informe Conjuntural, divulgado nesta quarta, dia 30, pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). No entanto, os investimentos e as exportações têm imposto limites à recuperação do setor industrial.

A CNI revisou a estimativa de crescimento em 2009 com o Produto Interno Bruto (PIB, soma de bens e riquezas produzidos no país), passando de -0,4% para zero. A expectativa para o consumo das famílias neste ano também foi revisada de 0,7% para 2,4%.

— O consumo das famílias, alavancado pela melhoria do mercado de trabalho e pelas condições de crédito para as famílias, para as pessoas, que foram recompostas, pelas desonerações e pelos benefícios previdenciários e sociais, se mantém. [Essa foi] a razão de o PIB não cair em 2009 — afirmou o economista Flávio Castelo Branco, gerente-executivo da Unidade de Política Econômica da CNI.

Pela expectativa, a economia brasileira está em processo de recuperação, com a projeção da taxa de desemprego diminuindo de 9% para 8,1%. Por outro lado, a estimativa para o PIB industrial em 2009 piorou, passando de -3,5% para -4%. Segundo o economista, a demanda externa permanece muito fraca e retraída, fazendo com que, no setor industrial, a recuperação seja limitada.

Castelo Branco explicou também que a recuperação do setor industrial tem sido limitada pela baixa demanda de investimentos devido aos efeitos da crise externa. A queda na formação bruta de capital fixo (investimentos), por exemplo, está sendo projetada pela CNI este ano de -9% para -12,8%.

— Quanto aos investimentos, há sinas de que possam, talvez, mostrar alguma reação, mas em um nível muito inferior ao do no ano passado. As importações de bens de capital [máquinas e equipamentos destinados à produção] ainda não retomaram o ritmo anterior — enfatizou o economista.

Ele ressaltou que a produção doméstica de bens de capital melhorou, mas continua em retração.

— Isso é sinal de que os investimentos ainda vão demorar alguns meses para mostrar uma reação mais forte — avaliou.

Quanto ao mercado de trabalho, Castelo Branco disse que as notícias mostram que o ajuste foi completado, embora na indústria a reação seja considerada moderada. A projeção para a taxa de desemprego, lembrou, melhorou de 9% para 8,1% na média anual calculada sobre a população economicamente ativa.

As projeções mostram ainda que a demanda não tem pressionado a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que deve ficar em 4,2%, taxa inferior ao centro da meta de 4,5%. Isso deve-se, principalmente, à desaceleração dos preços industriais. Os representantes do setor reclamam da paralisação das quedas na taxa de juros por parte do Banco Central.

A taxa nominal de juros foi mantida na projeção e deve chegar no final do ano em 8,75%. Já a taxa real, descontada a inflação, foi projetada em 5%. O câmbio estimado ficou em R$ 1,77 no final do ano. No entanto, as projeções mostram piora do déficit público nominal, que passaria de 2,8% para 3,6%.

O governo também não faria um superávit primário de 2,2%, como estimado em junho, mas sim de 1,3%. Na avaliação da CNI, isso implicaria em um aumento da relação entre a dívida pública e o PIB de 38,8% para 44% em dezembro de 2009.

— Para haver crescimento do PIB hoje, é preciso haver investimento doméstico e que a demanda externa melhore substancialmente. Essa é a condição para que passemos de um crescimento zero para um crescimento positivo — concluiu Castelo Branco.

AGÊNCIA BRASIL
 
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