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 | 25/09/2009 17h10min

Redução de mercado na indústria frigorífica gera preocupação no RS

Sindicato das Indústrias de Carnes e Derivados acredita que produtores irão sair prejudicados

Atualizada em 25/09/2009 às 20h10min Cristiano Dalcin | Bagé (RS)

O setor de carnes no Brasil foi movimentado este mês por fusões e aquisições de frigoríficos por empresas. A Marfrig comprou a Seara. A JBS adquiriu a norte-americana Pilgrim´s e se uniu ao Bertin. Esta semana, a Marfrig arrendou mais onze frigoríficos. No sul do país, a possível redução das opções de mercado mobiliza os produtores rurais e preocupa os funcionários das empresas.

Quinhentas cabeças de gado são abatidas por dia em um frigorífico de Bagé (RS), na fronteira com o Uruguai. Ele foi uma das unidades arrendadas pelos próximos cinco anos pela Marfrig no Rio Grande do Sul. Os funcionários foram surpreendidos com a mudança.

— A preocupação maior nossa é pra quem os trabalhadores irão trabalhar, quem vai pagar os salários, o que vai acontecer daqui pra frente — diz o presidente do Sindicato de Indústria de Alimentação do município, Luiz Carlos Cabral.

Os produtores rurais da região querem uma reunião com a nova diretoria da empresa.
— Queremos saber os seus projetos, como ficam os projetos atuais com o Mercosul, aquele projeto que nós vínhamos buscando de melhoramento do produto — diz o produtor Paulo Ricardo Dias.

O Sindicato das Indústrias de Carnes e Derivados (Sicadergs) acredita que os produtores vão sair prejudicados.

— Isso não chega a ser um monopólio, mas a grande maioria, pelo menos 50% do abate no Estado vai ser feito por esta grande empresa que está evoluindo mundialmente, não é? Então, obviamente os grandes produtores não podem canalizar grandes carregamentos para pequenos estabelecimentos — avalia o diretor executivo do Sicadergs, Zilmar Moussalle.

A situação também preocupa a Federação da Agricultura do Estado.

— Significa uma perda para o Rio Grande do Sul, porque nós, produtores, teremos que ofertar nosso produto para apenas um potencial comprador e com isso as questões relativas a preço vão sofrer um enorme problema. Nós estaremos aqui reunindo os produtores da pecuária ligados à Farsul exatamente para vermos que estratégia iremos empregar no sentido de poder lidar com esta nova configuração do mercado, que não é boa — conclui Nestor Hein, da Federação da Agricultura do Estado (Farsul-RS).

O arrendamento dos frigoríficos foi discutido pelos participantes deste encontro técnico que reuniu a cadeia produtiva da pecuária gaúcha. O professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul Julio Barcellos saiu em defesa da mudança.

— Isso traz mais solidez ao setor. No entanto, para aproveitar esta eventual oportunidade, o setor precisa estar organizado e um dos caminhos é melhorar a produtividade, buscar conhecimento e também migrar fortemente para a rastreabilidade, porque só assim nós vamos ter matéria-prima suficiente para que o rio grande do sul volte a ser um estado exportador e tenha uma cadeia da carne mais fortalecida — analisa Barcellos.

O produtor Luiz Queiroz, de Uruguaiana, na fronteira com a Argentina, defende a movimentação de mercado e sugere que os criadores se adaptem a ela.

— Eu acho que isso aí é um movimento global da carne. À medida que a pecuária brasileira tende a se tornar cada vez mais uma exportadora de carne, esse movimento dos players, dos agentes que compõem isso aí, na minha maneira de ver é uma coisa natural. O produtor tem que se preparar, montar as suas estratégias, disputar a sua fatia dentro da cadeia de produção e encarar isso aí como uma inevitabilidade. Não vejo, sinceramente, como evitar isso aí. Quem quer exportar vai ter que se enquadrar dentro do jogo internacional — finaliza Queiroz.

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