| 20/09/2009 09h13min
O etanol teme ser atropelado pelo pré-sal. Os usineiros querem que o governo defina claramente qual é a política pública no país para o setor de combustíveis para evitar experiências como a do Programa Brasileiro do Álcool (Proálcool), que nasceu, cresceu e foi morto ao sabor das cotações internacionais de petróleo.
Eles temem que as atenções voltadas ao petróleo acabem levando o etanol a perder espaço no mercado local e visibilidade internacional, num momento em que lutam para transformá-lo num produto de exportação. Até a descoberta do petróleo da camada pré-sal, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vinha projetando no exterior a imagem do Brasil como o país que iria fornecer energia renovável para o mundo.
— Estamos conversando com o governo — afirmou Antonio de Padua Rodrigues, diretor técnico da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica).
— É preciso criar uma regra garantindo que o etanol continuará a ser o número um na matriz de
combustíveis e que a gasolina é uma
alternativa. Não se pode achar que o mercado, com a flutuação dos preços, vai decidir — salientou.
Rodrigues argumentou que é preciso dar segurança aos investidores e aos consumidores. A euforia do pré-sal e a depressão da crise internacional atingiram em cheio a indústria da cana-de-açúcar. O etanol é um sucesso de vendas, mas muitas empresas foram soterradas pelo endividamento que vinham carregando, quando o crédito secou. Somado a isso, o estudo polêmico divulgado pelo Ministério do Meio Ambiente na semana passada, apontando os carros movidos a gasolina como menos poluentes que aqueles movidos a álcool, veio manchar de cinza a imagem verde do etanol. O estudo tem sido contestado pela Unica e por vários especialistas. O carro flex fuel, uma invenção brasileira, é a chave do sucesso do etanol no país. No fim de 2008, o consumo nacional do combustível ultrapassou o da gasolina. No ano passado, foram vendidos 2,3 milhões de carros flex, comparados a 217 mil a gasolina e somente 84 a
álcool. O consumo
de etanol no país cresceu 27% entre janeiro e agosto, ante o mesmo período de 2008, segundo a ETH Bioenergia, do Grupo Odebrecht.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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