Enquanto mudanças nas leis ambientais ainda estão em discussão, surgem projetos com base em algumas das propostas de alteração. Uma delas é o pagamento aos produtores por áreas preservadas, que orienta um projeto da cidade de Apucarana, no Paraná. Aprovado há seis meses, o projeto prevê o pagamento da primeira parcela já em janeiro do próximo ano. O cafeicultor Paulo Fenato perdeu três mil plantas em plena produção. Ele precisou deixar 50 metros em volta de cada uma das 12 nascentes que tem na propriedade, em Apucarana, mais a área de reserva legal. Quando soube do projeto que paga para não plantar naqueles locais, ficou desconfiado, mas aderiu. Agora, os técnicos monitoram a vazão das nascentes e comprovam: o produtor pode receber mais de R$ 1 mil por mês. Ele garante que é mais do que a renda líquida com uma colheita de café. A propriedade de Fenato é considerada modelo porque há 60 anos o pai dele já cuidava das nascentes. A vazão desta ultrapassa os 6,4 mil litros por hora de água pura. Quanto vale a água que corre das nascentes? Do ponto de vista ambiental não tem preço, é claro. Mas, para pagar os produtores foi usada a unidade fiscal do município. O projeto aproveitou o Fundo Municipal do Meio Ambiente, criado há três anos. O Fundo é formado de partes da taxa de água cobrada da população, do ICMS ecológico que Apucarana recebe e de tarifas e multas ambientais. A ideia é pagar ou premiar as 550 propriedades rurais de Apucarana pela preservação da biodiversidade no campo. O cálculo foi feito a partir da renda com a soja. Porém, além das nascentes, é preciso atender outras leis ambientais. Para os produtores o projeto pode aliviar um pouco o peso das leis ambientais sobre a categoria. Dos 72 produtores cadastrados até agora, 25 devem receber a primeira parcela em janeiro. A iniciativa chamou a atenção da fundação o boticário, que assinou nesta sexta, dia 11, uma parceria com a prefeitura de Apucarana para dar apoio técnico e científico ao projeto.