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 | 02/09/2009 13h17min

Fórum debate a importância da agricultura familiar sustentável

Representantes do setor defendem equilíbrio entre produção e preservação

Bruna Maia | Esteio (RS)

Responsável por produzir 70% dos alimentos que consumimos, a agricultura familiar tem o desafio de se adaptar aos novos tempos de preocupação com o meio ambiente. Questões polêmicas como o código florestal e as áreas de preservação permanente foram tema do Fórum Produção de Alimentos e meio ambiente, na manhã desta quarta, dia 2, na Expointer 2009.

Entidades ligadas à agricultura familiar destacaram a importância desse modelo de produção e a necessidade de produzir de maneira sustentável – isso garante não só a preservação do meio ambiente, como a própria preservação da lavoura. O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Agricultura (Contag), Alberto Broch, abriu a discussão defendendo uma adequação das novas leis à realidade da agricultura familiar.

Arnoldo Campos, diretor de Renda e Agregação de Valor da Secretaria da Agricultura Familiar do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), começou sua apresentação dizendo que “o verdadeiro impacto das mudanças climáticas que estamos sentindo pode ser visualizado no Rio Grande do Sul, com as constantes secas que estão acontecendo”. Mas destacou que é preciso achar um ponto de equilíbrio entre preservação ambiental e manutenção da produção de alimentos. Como alternativa para garantir a renda do produtor, Campos defendeu o “seguro de clima”, adequado a cada região do país.

O professor da Universidade Federal de Santa Maria, Ênio Giotto, problematizou a nova proposta de código florestal. Segundo ele, 34% dos suínos produzidos no Estado estão nas chamadas áreas de preservação permanente e a suspensão dessa atividade teria um impacto econômico e social muito grande. O professor lembrou que, em alguns municípios gaúchos, o cumprimento da reserva legal (20% da propriedade) e das áreas de preservação permanente implicaria a redução significativa da área agricultável, reduzindo em 50% o espaço para plantio e criação.

- O problema sério é que se há de repensar o código florestal. Ele hoje é mais problema do que solução e está impactando sobre a agricultura e a sociedade brasileira – disse Giotto, que mostrou como o sistema de georreferenciamento das propriedades ajuda a perceber a situação de muitos produtores. A ferramenta ajudaria, entre outras coisas, a encontrar novas formas de preservar o ambiente sem prejudicar a produção de alimentos.

Elton Weber, presidente da Federação dos Trabalhadores da Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag) reafirmou que a atual proposta de código florestal pode ser um problema. Segundo Weber, atualmente, poucos produtores cumprem essas exigências e não é possível realizar essa mudança em um prazo pequeno.

- A produção sustentável tem que ser ambientalmente correta, economicamente viável e socialmente justa – afirmou Weber, relembrando que as modificações devem ser feitas gradualmente e lembrando que o mercado e o consumidor estão exigindo que o produtor preserve o meio ambiente.

O público demonstrou ter dúvidas a respeito das novas medidas e exigências de preservação ambiental, e a opinião quase unânime é de que o código florestal, da maneira que está, pode prejudicar o agricultor familiar de certas regiões, com uma redução grande do território agricultável.

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