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 | 01/09/2009 15h32min

Revisão dos índices de produtividade pode gerar problemas sócio-ambientais no RS

Pesquisadora que coordenou estudo da Fepagro sobre o assunto deu entrevista exclusiva durante a Expointer

Atualizada em 01/09/2009 às 16h06min

Uma pesquisa feita pela Federação Estadual de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Sul (Fepagro-RS) mostra que a revisão dos índices de produtividade pode gerar problemas sócio-ambientais na região de Bagé, área forte da pecuária que teria o maior impacto no Estado com os novos indicadores.

O trabalho da Fepagro que começou em 2003 mediu a capacidade do pasto na região para receber o gado.

— Nós avaliamos a capacidade de suporte da pastagem nativa, que é a base da alimentação do nosso rebanho. Nós constatamos que existe diferença entre as diversas estações do ano. Então varia de 0,3 unidades de gado por hectare no inverno até 0,6 na primavera. A média anual é 0,6 unidades de animais — explica a pesquisadora Zélia Maria de Souza Castilhos, em entrevista exclusiva ao Canal Rural durante a Expointer.

Para a pesquisadora, o índice deve ser mais baixo porque os animais vão ganhar mais peso e vão ser abatidos mais cedo, além de ter um maior número de espécies, se comparado aos animais criados em áreas com um alto índice de lotação.

— Índice de lotação não é critério para produtividade. Para nós, critério de produtividade é a produção por área. Senão, teríamos que contar o número de plantas de milho que há em uma lavoura para considerar como índice de produtividade, e não a produção de milho por hectare — avalia Zélia, que coordenou o estudo.

Ela explica que animais da mesma idade criados de forma diferente têm muita diferença entre si. Assim, aquele manejado com índice de lotação de 0,6 unidades tem mais disponibilidade de pastagem, maior número de espécies e engorda mais. Já o gado manejado com alto índice de lotação, com uma média de uma unidade por hectare, fica mais magro e acaba tornando o campo com o solo descoberto, propenso a erosão e com menor número de espécies nativas.

Se o que o Incra cobra atualmente é contraproducente, os novos índices propostos são ainda piores.

— Nós não vamos conquistar mercado com esse alto índice de lotação, que está degradando a paisagem nativa neste importante bioma. Eles estão propondo para a região de Bagé um índice de 0,95 unidades de animal por hectare e, para Pelotas, 1,15 unidades — defende.

Zélia Castilhos deixa o alerta.

— Os técnicos do Incra precisam ouvir os pesquisadores e visitar na área experimental o trabalho que nós estamos desenvolvendo — finaliza a profissional.

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