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 | 14/08/2009 17h48min

Brusone preocupa produtores de trigo e pesquisadores

Cientistas trabalham no desenvolvimento de fungicidas para controle da doença

Atualizada em 17/08/2009 às 20h39min Daniela Castro | Brasília (DF)

A intensidade do ataque de um fungo que atinge as lavouras de trigo no cerrado brasileiro tem preocupado a comunidade científica internacional e a Embrapa. A doença, que surgiu no Brasil, já foi identificada na Bolívia e no Paraguai. Cientistas trabalham no desenvolvimento de variedades e fungicidas resistentes que evitem o alastramento da doença.

O triticultor Joel Cenci está desanimado com a lavoura, prejudicada pelo fungo causador da brusone. Esta foi a primeira vez, em 10 anos de profissão, que ele teve que enfrentar a manifestação mais agressiva da doença:

– Tínhamos uma expectativa de produtividade de seis mil quilos por hectare, em torno de 100 sacas. E, com essa doença, a gente vai colher em torno de 1.800, dois mil quilos no máximo, em torno de 30 sacas por hectare. Bem abaixo do custo, que gira em torno de 60 sacas por hectare – lamenta-se Cenci.

A doença já ataca as lavouras de trigo no cerrado desde 1988. Mas, neste ano, ela veio com maior intensidade, e está comprometendo 30% da produção.

O fungo queima uma parte da espiga, prejudicando a formação dos grãos. A lavoura, que antes serviria de matéria-prima para a produção de pães, agora será utilizada apenas para ração animal. Com a experiência de quem estuda o cerrado há 20 anos, o pesquisador da Embrapa, Júlio Albrecht, alerta que as condições climáticas dos últimos meses provocaram estragos ainda maiores no cultivo:

– Essa doença ocorreu em função das condições climáticas, principalmente da umidade, que foi muito alta. Ocorreram chuvas com muita freqüência no cerrado e as temperaturas foram mais altas, condições que favorecem o aparecimento da doença – explica ele.

A brusone, que surgiu no Paraná em 1985, aparece também nas áreas de cerrado do Distrito Federal, Goiás e Minas Gerais, onde é predominante a produção de trigo irrigado. A comunidade científica está em alerta por causa da sua propagação na Bolívia e no Paraguai.

– Os cientistas, de um modo geral, que trabalham com a triticultura no mundo estão preocupados com a doença. Estão vindo ao Brasil para observá-la, estudá-la e propõem a nós da Embrapa um trabalho em conjunto, para que identifiquemos fungicidas mais eficientes para o controle desta patologia – comenta Albrecht.

Mas, como essas pesquisas devem demorar no mínimo cinco anos, algumas medidas podem ser tomadas para os próximos plantios:

– O que recomendamos é que o produtor fique atento às condições climáticas. No ano que vem, ele observe que vai ser um inverno de temperaturas mais altas, mais úmido, e atrase um pouco o seu plantio. E que as aplicações de fungicidas sejam feitas logo no início do espigamento, em 5% ou 10% – sugere o pesquisador da Embrapa.

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