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 | 12/08/2009 19h12min

Entrada de leite de outros países preocupa produtor brasileiro

Brasil comprou mais do que vendeu no segmento lácteo em julho

Atualizada às 20h34min Mitchel Diniz | São Paulo (SP)

No segmento lácteo, o Brasil comprou mais do que vendeu em julho. O déficit foi de mais de US$ 14 milhões e repetiu uma tendência verificada no primeiro semestre do ano.

Os exportadores já pensam em vender outros produtos para o exterior, mas o que preocupa o produtor é a entrada do leite de outros países.

O desaquecimento nas exportações do leite em pó, carro chefe nas vendas para o exterior, acentuou a diferença na balança do setor lácteo em julho. Nos primeiros seis meses do ano, a entrada de produtos do segmento no Brasil superou os embarques em mais de US$ 35 milhões.

Em 2008, no mesmo período, houve um superávit de quase US$ 140 milhões. Tradings apontam a queda do preço do produto no mercado interncional como o principal motivo desta virada.

— Esse ano não está bom para exportação de produtos lácteos. O leite acompanhou um pouco o processo da crise mundial, mas há outros fatores conjunturais do mercado lácteo internacional, como excesso de produto, condições que ajudaram para a queda do preço — disse o presidente da Serlac Trading, Alfredo de Gove.

Nos cálculos da principal exportadora de lácteos do país, a tonelada do leite em pó é vendida para o exterior abaixo dos custos de produção, com uma diferença de mais de US$ 1 mil. O enfraquecimento da moeda americana deixa os preços ainda menos competitivos e o recuo na cotação do petróleo também interfere nas vendas. A matéria-prima é a principal moeda de compra dos países importadores, concentrados na América Latina e no Oriente Médio.

Para contornar a situação, as tradings devem passar a exportar produtos de outros segmentos. Vender leite para o exterior fica ainda menos interessante com a tendência do mercado interno de alta nos preços.

— A gente tem que encontrar outras alternativas, encontrar outros produtos substitutos não ao leite, mas ao nosso negócio. Produtos agrícolas, como arroz, café, ou produtos que possam substituir — acrescentou Gove.

Por enquanto, a queda nas exportações tem impacto pouco relevante internamente. As vendas de lácteos para o exterior representam apenas 3% do escoamento da produção brasileira.

— Não está acontecendo por enquanto porque realmente estes 3% não afetam exageradamente os nossos preços — explicou o presidente da Leite Brasil, Jorge Rubez.

Para as cooperativas, o produtor está no limite. A preocupação gerada pelo déficit no setor lácteo é a entrada do produto de outros países no Brasil.

— Isso seria extramente danoso para o produtor no Brasil. O produtor hoje produzindo de US$ 0,30, US$ 0,40 de custo de produção e recebendo US$ 0,40. Ele está no seu limite — concluiu o presidente da Cooperativa Agropecuária de Uberlândia, Eduardo Dessimoni.

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