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 | 10/08/2009 19h55min

Produtores paranaenses de trigo estão preocupados com preço do produto

Mínimo garantido pelo governo federal pode não valer de fato no mercado se a alta produção prevista se confirmar

Atualizada em 10/08/2009 às 21h14min

Mais uma vez os produtores de trigo estão preocupados com o preço do produto. O mínimo garantido pelo governo federal pode não valer de fato no mercado se a alta produção prevista se confirmar. Nos principais Estados produtores, a lavoura vai bem, apesar da chuva que caiu nos últimos dias em excesso no Paraná, maior produtor nacional da cultura. Na entressafra, a indústria buscou outros mercados, como o Paraguai, e tem estoque. Pesquisadores e produtores de sementes dizem que o produtor tem que assumir a venda do produto.

No Dia de Campo de trigo em Cambé, norte do Paraná, os produtores comparecem, pois estão interessados em conhecer novas variedades, mais produtivas e resistentes. Cada avanço pode significar menos custo e mais renda, mas na prática fica a preocupação com o preço.

O produtor Antonio Perucci planta cinco variedades de trigo, tentando reduzir prejuízos com doenças, estiagem ou geada. Desta vez, a chuva vai elevar o custo com aplicação de fungicida, mas ele espera colher bem: só não consegue prever se o preço de venda vai compensar.

— Agora nem tem trigo brasileiro no mercado e o preço já está ruim. Se tudo correr bem até o final, não houver chuva na colheita e tiver um trigo muito bom, a gente se preocupa com o preço. Uns R$ 35 está bom para não ter prejuízo — comenta o produtor.

Segundo a Companhia Nacional do Abastecimento (Conab), a área com trigo cresceu e o país deve colher seis milhões de toneladas, duas a mais do que no ano passado. O Paraná deve colher 3,3 milhões de toneladas, um recorde. Mesmo com um consumo perto de 10 milhões de toneladas, a indústria já adianta que a alta produção no campo deve derrubar os preços ao produtor.

O pesquisador da Embrapa, Manoel Carlos Bassoi, afirma que o trigo do Paraná não deve nada ao argentino. Ele sugere que os produtores invistam em silos verticais para segregar melhor o produto e aumentar o poder de negociação com a indústria.

— O que eu acho da classe produtora, através das cerealistas, das cooperativas, é que precisam aprender mais a segregar material. Aspectos como germinação da espiga, materiais com problema de chuva na colheita devem ser segregados por cultivar e por qualidade, para você saber o que tem. Só vende bem se você sabe o que tem em mãos. Se não sabe, vende mal — explica o pesquisador.

Huguioshi Sugeta, produtor de sementes, vai além, e sugere que trabalhadores como ele busquem financiamento nos empréstimos do governo federal (EGF), e passem a estocar o próprio trigo, para que possam vender quando acharem mais interessante.

— O governo deveria incentivar, oferecendo recursos, para o próprio produtor ter a capacidade de estocar e oferecer ao longo do tempo, para distribuir melhor a venda nos 12 meses do ano, por exemplo — completa o agricultor.

KATIA BAGGIO | LONDRINA (PR)
 
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