| 07/08/2009 18h55min
Atento às previsões de preços em queda para o milho este ano, o produtor Adélio Petry, de Campo Novo do Parecis, no norte do Mato Grosso, decidiu participar do leilão de opções realizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em abril.
Ele adquiriu contratos em três leilões com o objetivo de garantir a comercialização da colheita. Petry pagou de R$ 0,80 a R$1,00 por saca para ter o direito de vender milho ao governo em julho por R$ 15,36. Se a cotação do milho ultrapassasse o valor, bastaria o produtor pagar o seguro e vender o produto no mercado físico normalmente.
Prevendo uma pequena margem de lucro, o produtor nem imaginava que estava fazendo um grande negócio. Das mais de 53.500 sacas de milho produzidas, Petry comercializou 83% antecipadamente e garantiu um lucro, que não conseguiria se tivesse deixado para vender a safra agora, em plena época de colheita. As sete mil sacas que sobraram vão ficar estocadas e devem ser utilizadas para alimentar o gado criado em confinamento na propriedade.
— O milho que sobrou eu vou guardar, não vou dar pra ninguém a R$ 8,00 a saca, é valor de doação — diz Petry.
O produtor decidiu adquirir contratos no leilão de opções porque no último ciclo não tomou uma decisão muito acertada. Petry guardou o milho na tentativa de aproveitar os preços mais altos e foi surpreendido por uma inversão do mercado que fez as cotações despencarem para R$ 12,00, o que não foi suficiente nem para pagar os custos de produção.
— No ano passado a safra estava com preço excelente, a R$ 16,00 a saca e falavam que ia alcançar R$ 20,00 a saca. Aí nós esperamos pra vender e inverteu o mercado. Acabamos vendendo por R$ 12,00 a saca — afirma o produtor.
Com os gastos na ponta do lápis e uma estimativa de produção que tomou como base o resultado das últimas safras, foi possível calcular um preço razoável para vender o milho colhido. A atenção voltada para as previsões e mercado e a organização com as contas da lavoura foram fundamentais para garantir a saúde financeira da fazenda este ano.
— A gente procura trabalhar com custo de produção, então tendo custo formado já para próxima safra, eu já sei por quanto posso vender meu milho — relata Petry.
A decisão errada no ano passado serviu como lição para o produtor se proteger das oscilações do mercado nos próximos anos.
— É o risco da nossa atividade. É difícil acertar, então tem que procurar errar pouco — conclui o produtor de Mato Grosso.
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