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 | 05/08/2009 19h25min

Brasil deve aumentar produção de soja na próxima safra

Rentabilidade do produto deve ser melhor do que a do milho

Atualizada às 21h27min Renata Maron | São Paulo (SP)

Quando se fala em preço de soja, é necessário analisar o que acontece nos três principais mercados mundiais: Estados Unidos, Brasil e Argentina. São eles que formam os preços no cenário internacional. Além disso, a China também deve ser observada, pois é o mercado que impulsiona a demanda.

A expectativa é que os norte-americanos produzam uma safra recorde. O Brasil também deve aumentar a produção na safra 2009/2010. Já a Argentina, que sofreu terríveis perdas na lavoura por causa de uma das piores secas da história, deve se recuperar na próxima safra.
 
Álvaro de Souza é produtor de soja em Rolândia, no norte do Paraná. Ele planeja aumentar a área plantada na safra de verão, saindo dos 400 hectares do que plantou em 2008/2009 para 700 hectares. Isto porque ele acredita que a rentabilidade da soja deve ser melhor do que a do milho.

Entretanto, os custos também devem ser mais altos. O sojicultor deve gastar R$ 85 a mais por hectare em relação à safra passada. Dessa forma, ele não prevê tanto lucro.

— Olha, muito lucro não dá, mas pelo menos dá para plantar, porque a soja sempre é um mercado internacional que pode exportar. Sobra um pouquinho menos, mas dá para plantar — explica o produtor de Rolândia.

Souza está certo. Quem dita os preços da soja é o mercado internacional. A referência é a bolsa de Chicago, nos Estados Unidos. Em 2008, as cotações atingiram preços recordes, com o bushel ultrapassando US$ 16 em julho do ano passado. Os motivos foram a demanda por parte da China e procura por fundos de investimento. Porém, o custo de produção estava muito alto, puxado principalmente pelos preços dos fertilizantes. Conclusão: nem sempre preços recordes indicam grandes lucros ao produtor.

Já nesta safra, alguns analistas apostam em melhor rentabilidade ao agricultor, pois apesar da cotação estar mais baixa, o custo também caiu bastante.

Outros fatores também influenciam diretamente na formação do preço. Estados Unidos, principal mercado, deve ter uma safra recorde. O Brasil também deve aumentar a produção e a Argentina, que teve uma quebra na última safra, por causa de uma das piores secas da história, deve se recuperar.

Entretanto, produção da soja em alta talvez não signifique preços em baixa. Analistas acreditam na estabilidade das cotações, pois apostam na crescente demanda chinesa.

— A demanda internacional tem sido a grande mola, o grande pilar de sustentação nessas cotações. Com base na informação que temos, hoje eu diria que o resultado da safra 2009/2010 em termos de rentabilidade eu diria que ela será ligeiramente melhor que foi na safra 2008/2009. Ligeiramente melhor pela redução de custos de produção, ligeiramente melhor pela recuperação nos níveis médios de produtividade e ligeiramente melhor pela sustentação nos preços — diz o consultor Anderson Galvão.

O analista também comentou o que deve ocorrer com os preços dos derivados da soja, o óleo e o farelo. O cenário deve ser diferente da safra passada.

— A indústria de processamento de soja deixa de exportar por falta de produto. Isso acaba criando uma janela de oportunidade para a indústria brasileira. A gente não pode acreditar que em 2009/2010 isso vá se repetir. Então, a retomada da produção na Argentina em função de melhores produtividades é sem dúvida alguma um fator que traz uma preocupação no intuito de forçar preços para baixo da soja em 2010 — completa Galvão.

Uma taxa de câmbio favorável ao produtor também é fundamental para garantir o lucro. Analistas de mercado preveem que o dólar para o fim de 2009 fique em torno de R$ 1,95. Para 2010, a expectativa é que a moeda americana permaneça em R$ 2. Segundo os consultores, o ideal para o produtor é que a cotação não fique abaixo de R$ 1,9.
 
— Um câmbio abaixo de R$ 1,9 para algumas regiões já começa a apresentar a situação de não pagar custo, vamos entrar em faixa negativa de rentabilidade, prejuízo para as regiões mais distantes do Brasil. Começa a ficar preocupante este cenário de câmbio muito valorizado — crê o consultor Fernando Muraro.

— Bushel com o câmbio abaixo de R$ 1,9, as margens de comercialização ficariam muito apertadas. Se essa soja vier para patamares de US$ 8/bushel,  as margens podem ficar negativas em alguns Estados como Mato Grosso e Goiás. A situação de rentabilidade, que  três ou quatro meses atrás  se imaginava positiva, para 2010 começa a se comprometer — acrescenta o diretor da Agroconsult, André Pessoa.

É importante ressaltar que 2010 é um ano de recuperação. Por isto, esta economista projeta um cenário mais positivo para a soja do que no ano passado.

— Cenário mais positivo em função de uma recuperação, principalmente de demanda pelo grão. Em função de aumento de demanda de produtos que utilizam o grão no processo produtivo, como é o caso do complexo carnes, aqui no Brasil especialmente aves e suínos, e no mundo também para bovinos. E em função também de que a gente não vê problema de descasamento entre custo de produção e preço de venda como aconteceu no ano passado e principalmente quando a gente olha sob a ótica de câmbio. O ano passado foi muito complicado para o produtor — analisa o economista Amaryllis Romano.

O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, também traça boas perspectivas para uma das principais commodities agrícolas brasileiras.

 — O produtor de soja, dentre os de vários produtos, ainda é o que está em melhores condições, considerando que está num quadro de crise, e num quadro de crise está se mantendo um preço relativamente firme. O mercado internacional continua firme, principalmente a China. As perspectivas da soja, em termos de demanda mundial continuam crescentes. Os países que podem atender essa demanda é basicamente os EUA, que já está no limite, não tem muito o que expandir. E a Argentina que também tem poucas condições de aumentar. Então o Brasil é o que tem melhores condições de atender a demanda. E eu acredito que o mercado firme e as condições futuras de preço possam ser melhores — concluiu Stephanes.

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