| 04/08/2009 16h11min
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento suspendeu temporariamente o trânsito de plantas provenientes de Roraima para qualquer local do Brasil e do mundo, devido à ocorrência da praga Raoiella indica Hirst em áreas urbanas da capital Boa Vista. A restrição de trânsito aplica-se somente aos vegetais hospedeiros do ácaro vermelho como coqueiro, palmeiras nativas e ornamentais, bananeiras, helicônias (flor de Narciso) e outras espécies ornamentais, inclusive a estrelitzia.
O ácaro nunca havia sido detectado no Brasil e pode ter vindo de regiões vizinhas com ocorrência da praga, como Venezuela, Trinidad e Tobago e países do Caribe. Todos os Estados brasileiros e a comunidade internacional já foram oficialmente notificados sobre a detecção da praga e sobre as medidas adotadas.
Uma missão do ministério chegou nesta terça, dia 4, para averiguar a situação da praga no Estado, intensificar medidas de controle, promover ações de educação fitossanitária à população e capacitar técnicos dos serviços de defesa de Roraima e estados vizinhos. O Sistema de Vigilância Agropecuária Internacional (Vigiagro) também vistoria, nas fronteiras, a entrada e a saída de vegetais que possam ser hospedeiros do ácaro vermelho.
Segundo o diretor do Departamento de Sanidade Vegetal do Ministério, Odilson Ribeiro, é importante que todos os órgãos de defesa e a população adotem medidas para minimizar a disseminação da praga no país.
– A melhor forma é o controle do trânsito de material hospedeiro para as áreas livres. Nesse sentido, os órgãos estaduais de Defesa Fitossanitária devem intensificar as ações de vigilância nas barreiras interestaduais, principalmente em unidades da federação que comercializam plantas hospedeiras da praga – alerta.
O principal propósito do trabalho de contenção e supressão da praga é mantê-la restrita aos focos atualmente detectados, evitando a disseminação para áreas produtoras de banana e coqueiros em outras regiões do país.
A Raoiella indica Hirst pode se disseminar por meio do transporte de vegetais infestados, uso de implementos agrícolas e circulação de pessoas em áreas turísticas. Em condições naturais, a longas distâncias, a praga se espalha pelo vento ou por insetos e aves. Além disso, pode transitar entre plantas próximas.
As infestações causam amarelecimento, necrose (morte celular) e ressecamento completo das folhas, causando, inclusive, a morte das plantas jovens. A praga não acomete os frutos nem a saúde humana. Normalmente, as colônias são encontradas na superfície inferior das folhas, numerosas e visíveis a olho nu.
A detecção da praga no país ocorreu por meio do projeto específico de monitoramento da Raoiella indica Hirst do programa Defesa Agropecuária: Mais Ciência, Mais Tecnologia, uma parceria da Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA), do Mapa, com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT).
A equipe do projeto é formada por pesquisadores da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP) e das unidades da Embrapa em Roraima, no Amapá e de Recursos Genéticos e Biotecnologia.
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