| 15/07/2009 08h55min
Nove anos depois de inaugurar uma unidade no Rio Grande do Sul, em ato histórico, a General Motors anuncia oficialmente nesta quarta, dia 15, o projeto de ampliação da fábrica em Gravataí, o maior já feito pela montadora no Estado. O anúncio vem com sabor especial para a montadora americana, que acaba de sair de uma concordata, e abre caminho para novos investimentos em solo gaúcho.
A partir do anúncio oficial da ampliação da General Motors em Gravataí, a expectativa avança para projetos que acompanharão a expansão. Com o acréscimo entre 100 mil e 145 mil carros ao ano aos atuais 250 mil, a montadora que brotou do solo gaúcho sob o codinome Arara Azul vai exigir mais alimento para alçar voos mais altos. Um dos projetos em estudo é a instalação de uma fábrica de vidros da Saint-Gobain para atender ao aumento de produção, além da expectativa sobre a produção de pneus.
Instalados no Complexo Industrial de Gravataí, os 16 sistemistas devem ser os maiores beneficiados potenciais com a ampliação – outros candidatos podem surgir a partir do detalhamento dos novos carros que sairão das linhas de montagem gaúcha. Vários subfornecedores terão aumento de encomendas, reforçando o polo automotivo do Estado. Além disso, antigos projetos ganham impulso para sair do papel.
– Essa ampliação põe o Estado em outro nível. Como praticamente dobra a produção e essa unidade da GM tem a medalha de ser uma das mais produtivas do mundo, o desenvolvimento dessa cadeia vai transmitindo a cultura de inovação, de produção enxuta – entusiasma-se Paulo Tigre, presidente da Federação das Indústrias do Estado (Fiergs).
Na avaliação do empresário, com o novo porte da GM no Estado será mais fácil de convencer ou motivar empreendedores para avaliar projetos em território gaúcho.
– É como dizem, todo o artista tem de ir aonde o povo está – brinca Tigre, dizendo que a postura dos gaúchos tem de ser a adotada pela Assembleia Legislativa ao aprovar por 49 a zero a Lei de Inovação.
Fabricante de vidros automotivos, a Saint-Gobain Sekurit tem um centro de serviços no site da GM em Gravataí, mas a produção fica em Mauá (SP). O diretor-geral da empresa, Manuel Corrêa, confirma o estudo para construção de outra unidade nos próximos cinco anos.
– Existe a possibilidade de uma segunda planta, e pensamos no Rio Grande do Sul. Além da GM, atenderíamos à Argentina e ao polo automotivo do Paraná – adianta Corrêa.
Outro projeto com grande possibilidade é uma fábrica de pneus, provavelmente da Pirelli, avalia Paulo Fernando Ely, superintendente do Instituto Gaúcho de Estudos Automotivos (Igea). A empresa não comenta.
– Uma fábrica de pneus é a bola da vez. Se a Pirelli não fizer, alguém vai. Mas para a Pirelli é mais lógico – pondera Ely.
Para cada vaga, surgem mais 10
Com projetos ousados, Braskem e Gerdau ainda não manifestam interesse de tirá-los da gaveta, mas tampouco os descartam. Como o país apenas começa a ver recuperação e o prazo de produção nas novas instalações de GM é de pelo menos dois anos, o tempo pode ajudar. Vice-presidente da consultoria Booz & Company, Letícia Costa entende que o grande efeito irradiador ocorrerá em fornecedores menores.
– Um estudo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) mostra que, para cada emprego na montadora surgem dois nos sistemistas e outros oito em serviços relacionados – resume Letícia.
É o caso da Frenzel, de Novo Hamburgo, especializada em borrachas de engenharia, com 120 funcionários. Entre outras partes, fornece coxins para o Celta – a peça usada na barra de direção como item de segurança. Sílvia Gonçalves, coordenadora comercial da empresa, projeta:
– Com esse incremento, a gente também vai crescer e, consequentemente, tudo a nossa volta.
Única sistemista fora de Gravataí, a Zamprogna hoje faz parte da Usiminas Soluções. A empresa antecipa que já está planejando uma expansão
“atenta ao movimento estratégico da GM em
Gravataí”.
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