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 | 05/07/2009 15h30min

São Paulo aposta na produção de grãos de café de excelência

Café conilon pode agregar valor à cultura

O governo paulista vai incentivar o cultivo do café conilon para agregar valor à produção do campo. Hoje, os cafeicultores de São Paulo vivem basicamente do arábica, de aroma e doçura inconfundíveis. A sugestão é que o produtor passe a lucrar com uma variedade onde o custo de produção é bem menor. De acordo com o secretário de Estado de Agricultura e Abastecimento, João Sampaio, o conilon já garante renda, por exemplo, aos cafezais capixabas. No Espírito Santo, 70% do café plantado é o conilon.
   
Apesar de a bebida não ser apreciada pelo consumidor, o conilon é estratégico para a produção dos blends. Misturado ao arábica moído, a variedade é usada na fabricação do café solúvel, que garante anualmente ao Brasil quase US$ 600 milhões em exportações. Mas, para continuar atendendo ao exigente consumidor interno do café, o setor não vai abrir mão do arábica. O objetivo é compensar a redução da área plantada com os investimentos em tecnologia que garantam produção maior.
   
Os empresários já investem R$ 80 milhões por ano em infraestrutura, maquinário e instalações fabris. O café, como se sabe, teve um papel histórico no desenvolvimento econômico do Estado. A partir do século 19, o grão gerou fortunas no campo. Hoje, só 10% da produção brasileira é colhida em roças paulistas. Mas São Paulo ainda concentra a indústria de processamento. Passam pelo porto de Santos, por exemplo, metade de todo o café exportado pelo Brasil.
   
Mas não se pensa só em produtividade. O café de São Paulo, afirma Sampaio, precisa ser diferenciado para ganhar mercado. O chamado "café gourmet", que praticamente não existia no começo da década, ganha cada vez mais espaço entre os consumidores. As safras especiais levam em consideração variedade, técnicas de cultivo, colheita, beneficiamento e armazenamento. O café de excelente qualidade já representa 8% do que o setor fatura no Brasil.
   
Para ganhar espaço no filão, diz Sampaio, o Estado vai seguir investindo em pesquisa.

– A gente precisa desenvolver sementes resistentes, por exemplo, para que o produtor tenha de gastar cada vez menos com defensivos – diz.

Os pesquisadores podem descobrir qual variedade rende mais em determinada região e desenvolver culturas que se adaptem às condições específicas de solo e clima.

Os cafeicultores, em suma, apostam na potencialidade de um mercado que não para de crescer. Nove em cada dez brasileiros com idade a partir dos 15 anos bebem café pelo menos uma vez por dia.

A água é a única bebida mais consumida. Bebe-se mais café que refrigerante, por exemplo. E não se trata de um hábito limitado aos lares. Cresce substancialmente o consumo de café instantâneo, descafeinado cappuccinos, e orgânicos. As panificadoras, cafeterias, bares, lanchonetes e restaurantes já criaram, pelas estimativas do segmento, 6 mil empregos de barista (especialista no preparo do café espresso ou drinks à base de café).

– O grão, a cada dia, ganha importância social – afirma Sampaio.

Os representantes da indústria do café também apostam no aumento do consumo interno para reverter um irônico paradoxo do setor. De acordo com Nathan Herszkowicz, presidente da Câmara Setorial do Café, o setor nunca exportou tanto. Só em dezembro de 2008, o Brasil mandou para fora nada menos que 3,2 milhões de sacas. Nunca, na história, se exportou tanto. Em compensação, o preço interno não muda há quatro anos.

– O café continua muito barato, e gera uma rentabilidade muito pequena ao produtor – afirma.

É mais uma razão, a seu ver, para se buscar abastecer o mercado com um grão diferenciado.
   

 
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