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 | 08/06/2009 17h50min

BB deve liberar 30% a mais de crédito para agricultura na safra 2009/2010

Informação foi divulgada nesta segunda pelo vice-presidente de Agronegócios do banco, na capital paulista

Atualizada às 20h39min Renata Maron | São Paulo (SP)

Apesar da crise econômica, o Banco do Brasil vai liberar 30% a mais de crédito para a agricultura na safra 2009/2010. A informação foi divulgada nesta segunda, dia 8, pelo vice-presidente de Agronegócios do banco, Luís Carlos Guedes Pinto. Ele participou do encontro que discutiu as perspectivas para o cooperativismo agropecuário, na Sociedade Rural Brasileira (SRB), em São Paulo.

O assunto da reunião era o cooperativismo, mas a falta de crédito no setor agrícola tomou conta das discussões. Para os especialistas, é preciso haver uma mudança profunda no modelo considerado saturado de crédito rural no país, criado há mais de 40 anos.

Um projeto já vem sendo discutido pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), mas ainda não se sabe quando deve ser implantado. Atualmente, o Banco do Brasil é o agente financeiro que representa 60% do crédito disponível para o setor.

Segundo Guedes Pinto, mais de 22% da carteira de crédito é composta por dívidas prorrogadas. Portanto, é necessário remontar o sistema de financiamento da agricultura. O executivo também falou que, apesar do aumento do volume para financiamento da próxima safra, o banco está no limite de empréstimo.

— O objetivo é atender as necessidades da agricultura brasileira. Além disse, há um aumento dos depósitos no Banco do Brasil, inclusive na caderneta de poupança rural e há um aumento da destinação dos recursos por parte do Governo Federal, recursos do BNDES, recursos constitucionais destinados ao financiamento da agricultura — afirmou o vice-presidente de Agronegócios do BB.

Para o coordenador do Centro de Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas, Roberto Rodrigues, a discussão entre o quanto o setor precisa de crédito para financiar a safra e quanto o governo vai liberar é sempre a mesma: o governo libera menos do que o produtor deseja.

— Se houver mais oferta, o setor pega mais, produz mais, aumenta mais. Então, o governo tem uma impossibilidade histórica de atender essa demanda tradicional da agricultura — explicou Rodrigues.

O produtor planeja a safra com os recursos próprios, do crédito rural e das revendedoras e tradings.

— Hoje nós temos uma das principais agriculturas do mundo. É o principal setor da economia do país regido por este crédito rural. É evidente que não dá certo e é claro que não dá certo. E você ainda tem inúmeros agricultores com suas dívidas renegociadas, inadimplentes. Então, nós temos um desafio para ajeitar essa situação e fazer o próximo plantio — acrescentou o presidente da SRB, Cesário Ramalho.

No cooperativismo, o setor agropecuário está na liderança. São mais de 1,6 mil cooperativas neste ramo, que geram 134 mil empregos. O presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Márcio Freitas, participou da discussão e disse que a situação de muitas delas está bastante complicada. O motivo: dificuldade de acesso ao crédito.

— O crédito rural oficial brasileiro não atende nem 30% da necessidade do setor de crédito e portanto, nós temos um mercado muito escasso, muito pouca oferta — disse Freitas.

O diretor da Cooperativa dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado de São Paulo (Copercana), Manuel Carlos Ortolan, explica que 10 usinas cooperadas estão em dificuldade. Desta maneira, ele não projeta nenhuma expectativa boa em relação ao crédito para a próxima safra.

— A cooperativa de produção, a cooperativa de crédito que tem uma atuação forte na região, ela está sofrendo um pouco com esta questão. Porque tem que estar renegociando constantemente as dívidas dos produtores e com isso, a questão do novo crédito fica prejudicada — conclui Ortolan.

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