| 20/05/2009 18h50min
Representantes de bancos compareceram na tarde desta quarta, dia 20, à Comissão Especial da Câmara que debate os efeitos da crise financeira no Brasil. Os deputados quiseram saber dos agentes financeiros por que os bancos dificultam os empréstimos à agricultura.
Muitos produtores que renegociaram as dívidas agrícolas foram enquadrados em níveis mais altos de risco bancário e agora não conseguem acessar novos créditos. Esse problema parece longe de uma solução, já que os representantes dos bancos têm medo da inadimplência.
— Existem produtores que tiveram agravamento de risco, o que prevê a lei, mas parte desses produtores conseguiram novos empréstimos — disse o diretor de agronegócio do Banco do Brasil, José Carlos Vaz.
— Existe restrição dos empréstimos. Recebi ontem (terça, dia 19) uma ligação. Os produtores não conseguem créditos para a produção de trigo. Vou até cutucar o diretor do Banco do Brasil — lamentou o relator da Comissão Especial de Agricultura, deputado Abelardo Lupion (DEM-PR).
— É exatamente nesse momento de perda da lavoura, de perda do mercado externo que o crédito é cortado consideravelmente — acrescentou o deputado Paulo Piau (PMDB-MG).
Os representantes de bancos públicos e privados reconhecem as dificuldades, mas afirmam que a situação pode melhorar, pois o Brasil tem bases econômicas confortáveis para sair da crise.
— Podemos reduzir a taxa de juros e ter uma política anticíclica — sugeriu o vice-presidente de Finanças da Caixa Econômica, Márcio Percival.
Na próxima quarta, dia 27, os deputados querem ouvir o Ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes. A comissão também pretende marcar audiência com Banco do Brasil, Banco da Amazônia e Banco do Nordeste para entender o porquê dos juros altos praticados em empréstimos de Fundos Constitucionais. Por último, serão ouvidas as entidades de representação do setor agrícola.
A intenção do relator é apresentar o seu parecer em 40 dias. A ideia é propor projetos de lei que amenizem os efeitos da crise. Uma das proposta é que o governo utilize parte das reservas cambiais para financiar vendas no exterior.
— Nós colocaríamos essa parte dos recursos que nós não estamos usando que são as reservas para financiar nos países que têm necessidade hoje de crédito para poderem comprar — concluiu Lupion.
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