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 | 16/05/2009 10h30min

Ganhadores do Nobel de economia defendem redução agressiva de impostos

Segundo economistas americanos, a diminuição dos impostos irá incentivar o retorno do crescimento mundial

Reduzir os impostos das pessoas jurídicas pode ser o começo da recuperação econômica mundial. A avaliação é dos economistas Robert Mundell, Nobel de Economia em 1999 e "pai" do Euro, e Edward Prescott, ganhador do mesmo prêmio em 2004. Eles participaram do Exame Fórum, evento realizado nesta semana, em São Paulo, com o tema A Crise Global e as Alternativas para a Reconstrução da Economia.

– Acredito que a próxima etapa de combate à recessão tanto nos Estados Unidos como na Europa seja de redução de impostos e novos rumos para os lucros das empresas – diz Mundell.

Segundo ele, a Alemanha, que nos últimos anos tinha o maior imposto do mundo para pessoas jurídicas (38%), reduziu os impostos para 15%.

– Esse é um sinal que nos dá esperança – afirma o economista.

Mundell, que também é professor da Universidade de Columbia, identificou os cinco “bodes” que deram "contribuição" importante para a eclosão da crise: Lewis S. Ranieri (pai da securitização); Alan Greenspan (ex-presidente do Banco Central Americano), Maurice Greenberg (fundador da AIG), Ben Bernanke (presidente do Federal Reserve) e Henry Paulson (ex-secretário do Tesouro americano).

Para sair da crise, ele sugere alternativas políticas nada ortodoxas, como distribuição, pelo governo americano, de vouchers à população para serem gastos em até três meses. Mundell diz que a China tem usado este sistema. Outra saída é uma moeda corrente internacionalizada, mas ele mesmo rebate.

– A Europa não está interessada nisso.

A redução de impostos também é apontada como solução pelo economista Edward Prescott.

– A única coisa que vai levar a economia real a se recuperar é a queda dos impostos – disse.

O economista, porém, mostra-se descrente de que essa medida seja adotada pelo presidente americano, Barack Obama, ou por outros países.

Década perdida

Os economistas americanos se mostraram muito pessimistas em relação à crise mundial e uma recuperação a curto prazo. Outro Nobel, Joseph Stiglitz, acredita que o futuro da economia será "sombrio", com uma "década perdida nos Estados Unidos ou, no melhor dos cenários, um longo período de crescimento muito baixo".

Segundo o especialista, o plano de socorro americano é falho e o governo americano está gastando muito dinheiro para tirar o país da crise e precisará, em breve, cortar gastos.

– A tempestade está apenas começando. O desemprego é crescente. Deverão acontecer mais execuções hipotecárias – diz Stiglitz, que calcula que a perda dos Estados Unidos será na casa dos trilhões de dólares.

Stiglitz criticou duramente as agências de classificação de risco que acreditavam, segundo ele, em uma alquimia financeira.

– As agências de risco acreditavam que era possível converter chumbo em ouro, transformaram hipotecas subprime em títulos de classificação A, permitindo que eles fossem vendidos aos fundos de pensão – afirmou.

Dinheiro barato e regulamentação frouxa, disse o especialista, formaram uma bomba explosiva. Para tentar sair da crise, Stiglitz, professor da Universidade de Columbia, diz que é preciso uma segunda rodada de estímulo.

– Mas há um consenso de que mesmo um grande estímulo não vai cuidar do problema. Quando acabar a recessão, entraremos num período de desconforto, e não de forte crescimento.

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