| 14/05/2009 16h57min
O setor produtivo continua apreensivo em relação à economia brasileira. É o que mostra o indicador Sensor Econômico do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea), que registrou 5,74 pontos no mês de abril.
Divulgado nesta quinta, dia 14, o indicador avalia mensalmente as expectativas do setor produtivo em quatro categorias: contas nacionais, parâmetros econômicos, desempenho das empresas e aspecto social.
O indicador varia de -100 a 100. A pesquisa é feita com 115 entidades que representam 80% do Produto Interno Bruto (PIB), soma das riquezas produzidas no país. Essa foi a quarta vez que o Sensor Econômico ficou no limite da apreensão, caracterizado quando o resultado está no intervalo entre - 20 e 20.
O diretor da divisão de Estudos Setoriais do Ipea, Marcio Wohlers, disse que, apesar do setor produtivo confirmar o indicativo de apreensão mais uma vez em abril, é possível concluir que as entidades vêm mostrando um pouco mais de confiança na economia, já que, em março, o indicador ficou menor, em 4,57 pontos.
— Há uma percepção de melhoria da situação econômica em geral. Com relação ao PIB, em particular, os setores da economia estão fazendo projeções considerando uma queda — afirmou o diretor.
Wohlers disse ainda que a melhora do índice em abril se deu porque as entidades têm a percepção de que os indicadores da economia não devem piorar nos próximos meses.
Já para o assessor técnico da presidência do Ipea, Ricardo Amorim, a melhora pode ser explicada pelo fato da confiança do setor produtivo na economia estar ligada a uma compreensão da crise financeira internacional.
— Claramente, os empresários têm percebido que o crédito não vai ser tão ruim assim, a demanda não está caindo como eles imaginavam e a margem de lucro não está caindo como eles acreditavam — explicou Amorim.
Entre os setores pesquisados, o que tem os piores índices de confiança é o da agropecuária. O índice do setor é negativo para três categorias, menos parâmetros econômicos, que ficou em 32,5 em abril. Nas outras categorias, o índice foi de 10 pontos negativos (contas nacionais), 2,5 negativos (desempenho das empresas do setor) e 18,8 negativos (aspectos sociais).
Segundo Amorim, a questão climática foi um dos pontos que afetou as expectativas do setor.
— A agricultura está muito insegura esse ano e, para piorar a situação, foi constatado, no último questionário, o problema climático. Então, temos uma perspectiva ainda pior para esse sensor. Ela [a agricultura] vinha numa curva de confiança, mas foi afetada pelo clima — disse Amorim.
Já o setor entidades de trabalhadores é o que tem as melhores expectativas em relação à maioria das expectativas, com exceção para aspectos sociais, que apresentou 8,3 pontos negativos.
— Eles estão confiantes no desempenho das empresas. Acreditam que a demanda não vai cair, que as empresas não devem reduzir a massa salarial — observou Amorim.
Os índices das outras categorias para o setor foram 16,7 pontos (contas nacionais), 63,3 pontos (parâmetros econômicos) e 28,6 pontos (desempenho das empresas).
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