| 08/05/2009 04h14min
Na política há quase 30 anos, o deputado federal Sérgio Moraes (PTB), 51, ganhou destaque nacional por defender uma opinião polêmica: a de que o colega Edmar Moreira (sem partido-MG), acusado de uso indevido de verba pública, fez o que todos os deputados sempre fizeram.
Com carreira em Santa Cruz do Sul, Moraes já foi vereador, deputado estadual e prefeito. Na prefeitura, teve o mandato suspenso em 2002 por conta de um processo. É acusado de ter instalado um telefone público na casa da família em 1997. Dias depois, voltou ao cargo.
O caso está hoje no Supremo Tribunal Federal. No STF, também há outro processo referente à contratação ilegal de supostamente 75 servidores. Moraes tem força na cidade. A mulher, Kelly Moraes (PTB), é prefeita, e o filho do deputado, Marcelo Moraes (PTB), foi eleito vereador e hoje é secretário municipal de Transportes.
Zero Hora – O senhor mantém as declarações sobre o caso do deputado Edmar
Moreira?
Sérgio Moraes – Mantenho. Não
posso abonar uma mentira. A imprensa mentiu para o Brasil que o Edmar roubou na Câmara e fez um castelo. Ele tem o castelo há 20 anos. Quando comecei a dizer isso, a menina do jornal O Globo me ameaçou, algo assim: ou tu confirmas ou vamos colocar a opinião pública em cima de ti. Eu respondi: tu faz o que quiser, estou me lixando para o que tu vais escrever e para o que a opinião pública vai dizer. Não vou cortar o pescoço de Edmar a não ser que me provem que cometeu outros erros.
ZH – O senhor não ficou numa situação delicada com seus eleitores?
Moraes – A repórter não colocou toda a minha resposta. Eu disse que vou trabalhar com a minha verdade e não vou me trocar por pressão ou favores da imprensa. Eu deveria estar sendo elogiado.
ZH – O senhor tem dúvidas em relação a escândalos denunciados pela imprensa, como a da farra das passagens?
Moraes – A imprensa anunciou o
problema das passagens, os deputados correram para pedir desculpas e foram
todos anistiados. Aí, se pegou a verba indenizatória e 512 deputados foram anistiados. Um, que é o Edmar, tem de ser jogado na fogueira. E alguém quer que eu assine esse negócio. Não vou assinar. Querem que eu assine tentando moralizar a Casa com a possível cassação de Edmar. Ele não pode ficar sozinho nessa luta. Ou abrimos as contas dos 512 ou se inocenta todo mundo.
ZH – Com a verba, o senhor pagou o aluguel de um prédio onde funciona um escritório de advocacia em Santa Cruz do Sul. Qual uso o senhor faz desse espaço?
Moraes – O escritório de advogados é no segundo piso. No primeiro, é o meu escritório. É lá que recebo a imprensa, a população, prefeitos e empresários. Devem caber umas 20 pessoas sentadas. Pago R$ 2,5 mil e tenho todo o piso com recepcionista, água, luz e banheiro.
ZH – Um dos sócios do escritório de advocacia é assessor jurídico da sua mulher, a prefeita Kelly
Moraes?
Moraes – Marco Borba é o procurador-geral do município. Mas
o escritório dele continua trabalhando e trabalhando muito.
ZH – Outros membros do Conselho de Ética dizem que o senhor não tem mais condições para relatar o caso Edmar. Qual a opinião do senhor?
Moraes – Vocês estão dizendo que houve uma reunião no Conselho hoje (ontem) e não houve. A imprensa mente demais. Se acharem que não devo ser relator e alguém queira compactuar com as mentiras, paciência. Não pedi para ser.
ZH – Mas a sindicância não apresenta elementos contra Edmar?
Moraes – Ele nunca negou ter usado notas de empresas de que é sócio. E isso não era proibido. Vocês criaram o monstro do castelo. E o castelo está no Imposto de Renda dos filhos dele.
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