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 | 07/05/2009 19h04min

Estudos forçam Incra a mudar direção da reforma agrária no MS

Desapropriações de terra estão paradas no Estado desde o ano passado

Atualizada às 21h06min Luiz Patroni | Campo Grande (MS)

As portarias da Fundação Nacional do Índio (Funai) que determinam o início de estudos antropológicos para a identificação de novas áreas indígenas em Mato Grosso do Sul forçaram o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) a mudar a direção da reforma agrária no Estado. Desde 2008, as desapropriações de terras na região Sul estão paradas.

Mãe de quatro crianças pequenas, Aparecida Basilisa Rodrigues vive no acampamento Nova Esperança e aguarda um pedaço de terra para sobreviver. A espera já dura três anos e a cada dia se torna mais difícil.

Antônio Aparecido de Matos compartilha a mesma angústia. Há 18 anos, espera ser assentado. Já passou por acampamentos em vários municípios, mas por enquanto ainda não conseguiu o que tanto sonha.

Quem em acampamentos que ficam no sul do MS pode ter um obstáculo ainda maior antes de conquistar um lote. É que desde o ano passado, 26 municípios estão em processo de avaliação antropológica para a criação de novas reservas. Como as terras que estão sob interesse indígena e não podem ser destinadas para a reforma agrária, a implantação de assentamentos nesta região está paralisada.

Esta situação fica clara com o balanço da reforma agrária em Mato Grosso do Sul. De acordo com o Incra, neste ano, oito áreas foram adquiridas para implantação de novos assentamentos. Todas em municípios do norte do Estado. E a perspectiva do órgão é de que as próximas aquisições sejam de fazendas que também estão localizadas na mesma região.

— Perdemos quase um terço do Estado, e justamente o de maior fertilidade. Mas mesmo assim, a reforma agrária seguirá, no norte do Estado, tentando abrir novas áreas e ajudando a desenvolver esta região — afirmou o superintendente do Incra-MS, Flodoaldo Alencar.

Apesar das dificuldades geradas por conta da questão indígena, o superintendente regional garante que novos assentamentos ainda vão ser implantados. Este ano, a meta é assentar pelo menos duas  mil famílias e superar os números do ano passado, quando mais de 16 mil hectares foram destinados à reforma agrária.

Em Mato Grosso do Sul, existem 166 assentamentos, onde quase 30 mil famílias mantêm pequenas produções agropecuárias. Outras 13 mil estão cadastradas no Incra aguardando a implantação de novas áreas. Para essas pessoas, o importante é conquistar um pedaço de terra, seja ele no sul ou no norte do Estado.

— Se só forem criados assentamentos no norte de MS, vou avaliar a região para saber se é possível produzir ou não, mas vou para qualquer cidade. O importante é ser assentada — comentou a acampada Manuelina Brutes Morais.

— Queremos é terra. Somos pessoas agrícolas e precisamos produzir — completou o acampado Felisberto dos Reis Leonardo.

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