| 10/05/2009 10h10min
Os primeiros casos de pacientes brasileiros possivelmente infectados pelo influenza A (H1N1), que causa a gripe A ou suína, deverão começar a ser diagnosticados no início desta semana em território nacional, de acordo com docentes da Universidade de São Paulo (USP). Os laboratórios e órgãos de saúde pública no Brasil receberam na semana passada do Centro para Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês), os kits de biologia molecular para o diagnóstico de pessoas infectadas pelo vírus no país.
– A OMS e o CDC já disponibilizaram em suas páginas na internet toda a sequência de reagentes necessários para a montagem dos kits por qualquer laboratório interessado. E muitos deles, em diversos países, já estão usando esse protocolo para elaborar o kit diagnóstico – explicou Edison Durigon, professor titular do Departamento de Microbiologia do Instituto de Ciências Biomédicas da USP.
De acordo com o pesquisador, existem três tipos do vírus influenza: A, B e C. O vírus da gripe suína que surgiu no México e que se espalhou por 22 países é da família dos vírus de tipo A, o que o tornou conhecido pela OMS como influenza A (H1N1).
Os diferentes subtipos da gripe são definidos em função das proteínas do envelope viral, sendo que os vírus A e B têm dois tipos de proteínas de superfície: a hemaglutinina (H) e a neuraminidase (N).
– A hemaglutinina é a proteína responsável pela adesão do vírus e pelo seu primeiro contato com a célula, enquanto a neuraminidase faz com que o vírus penetre e se replique na célula – disse.
A denominação H1N1 atual, que é uma mistura de duas cepas suínas, uma aviária e uma humana, corresponde, portanto, à hemaglutinina de tipo 1 e à neuraminidase de tipo 1.
– Existem hoje 15 tipos diferentes de hemaglutinina e, pelo menos, nove de neuraminidase, o que permite combinações que podem gerar, teoricamente, uma infinidade de novos vírus – conta.
Segundo Durigon, todos os 15 tipos de hemaglutinina e os nove tipos de neuraminidase coexistem nos anatídeos, família de aves aquáticas que inclui patos, gansos e marrecos.
– Os anatídeos foram contemporâneos dos dinossauros e o vírus influenza também existe desde aquela época. Por isso, há até quem diga que os dinossauros foram extintos por causa do influenza, enquanto os anatídeos existem até hoje e são considerados hospedeiros naturais do influenza, especialmente os patos – explicou.
Gripe suína e sazonal
O vírus influenza A (H1N1) da gripe suína é diferente do H1N1 da gripe sazonal, o vírus de origem humana mais comum e que responde por uma taxa de letalidade de 0,5%, enquanto que as mortes causadas pela variação suína do vírus já representam 0,6% dos casos confirmados de pessoas infectadas.
Em sua escala de risco de pandemia, a OMS considera o nível 5 de alerta em relação à influenza A (H1N1), sendo 6 o nível máximo. O Estado de pandemia ocorre, explicou Durigon, quando há uma epidemia do mesmo vírus em pelo menos dois continentes e é nesse momento que a OMS decreta a classificação 6 em sua escala.
– Isso ainda não ocorreu oficialmente, pois acredita-se que a maior parte dos casos registrados ao redor do mundo, apesar de crescerem rapidamente, seja importada de outros países. Mas tudo indica que teremos um vírus pandêmico muito em breve – apontou.
Marcelo Vallada, infectologista clínico do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas, vinculado à Faculdade de Medicina da USP, também presente no encontro, destacou os grupos de risco do vírus influenza, entre os quais crianças, idosos e pacientes de qualquer idade com doenças cardiopulmonares crônicas.
– As gestantes têm quatro vezes mais riscos de ter complicações causadas pelo influenza, quando comparada a mulheres sadias não gestantes da mesma idade. Por isso, existe uma recomendação da OMS para que todas as gestantes tomem a vacina da gripe – alertou.
De acordo com Vallada, calcula-se que mais de 250 mil pessoas morram todos os anos no mundo devido a doenças relacionadas ao influenza, em suas diferentes linhagens.
– Só nos Estados Unidos, onde os dados são mais apurados, são estimadas 20 mil mortes anuais causadas pelo vírus.
Mais informações sobre a Rede VGDN: www.lemb.icb.usp.br/vgdn/www
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