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 | 06/04/2009 23h42min

Sadia vai à Justiça contra ex-diretor

Operações de derivativos cambiais levaram a companhia a registrar prejuízo de R$ 2,5 bilhões

Os acionistas da Sadia decidiram, nesta segunda-feira, entrar com ação de responsabilidade civil contra o ex-diretor financeiro da empresa, Adriano Lima Ferreira, "pelos prejuízos causados à companhia em razão da celebração de operações com derivativos".

A decisão foi tomada durante assembleia geral extraordinária de acionistas, em Concórdia, no Meio-Oeste, e foi aprovada por unanimidade. As operações com derivativos arrasaram o caixa da Sadia e levaram a companhia a registrar um prejuízo de R$ 2,5 bilhões no ano passado.

De acordo com a empresa, o relatório elaborado pela consultoria BDO Trevisan, contratada para apurar as responsabilidades no caso, não encontrou indícios de que o Conselho de Administração tivesse conhecimento das operações realizadas por Ferreira. O executivo reportava-se diretamente ao Conselho de Administração, e não ao presidente executivo da companhia, como ocorre na maioria das empresas de capital aberto. Essa estrutura de governança foi bastante criticada após o episódio e foi alterada — desde então, o diretor financeiro passou a se reportar ao presidente executivo.

Na Justiça, a companhia vai tentar responsabilizar Ferreira por não avisar ao Conselho que estava realizando as operações de derivativos cambiais e pelo fato de ele ter descumprido a política financeira da companhia, que limita a exposição em operações financeiras a seis meses do faturamento com exportações. Ao final de setembro do ano passado a exposição líquida da Sadia a contratos de hedge (proteção) cambial era de R$ 2,4 bilhões, o equivalente a 10 meses de exportação. A reportagem tentou localizar Ferreira, mas ele não respondeu às ligações.

Ao descobrir as operações, no final de setembro, a empresa liquidou antecipadamente alguns contratos, a um custo de R$ 760 milhões. Ferreira e o gerente Alvaro Ballejo foram demitidos.

Até o episódio dos derivativos, o ex-diretor financeiro era uma estrela em ascensão na Sadia. Era também diretor da holding financeira da família e fazia parte do time encarregado de impulsionar o projeto do banco Concórdia. Antes de se juntar à Sadia, Ferreira trabalhou no Lehman Brothers, em Nova York.

DIÁRIO CATARINENSE
 
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