Atualizada em 02/04/2009 às 21h19min Francine Cadore  |  francine.cadore@diario.com.br

O frigorífico da Coopercentral Aurora, em Joaçaba, no meio-oeste catarinense, comunicou oficialmente, na manhã desta quinta, dia 02, que vai fechar as portas a partir da próxima semana.

De acordo com a Federação dos Trabalhadores das Indústrias de Carne e Derivados e Indústria de Alimentação e Afins de Santa Catarina, que participou da reunião em Herval D'Oeste, no Meio-Oeste, os representantes da empresa anunciaram que 180 dos 220 funcionários serão demitidos.

Segundo o presidente da Aurora, Mário Lanznaster, o fechamento da unidade é irreversível. Em entrevista à Rádio Catarinense, ele disse que as atividades serão paralisadas em função da queda das exportações de carne suína e pela falta de infraestrutura da unidade. O frigorífico enfrenta problemas com a falta de água.

– Se alguém quiser fazer um mate (chimarrão), passa vontade, porque não tem água nem para isso. Enfrentamos muitos problemas com os efluentes – assegurou.
Lanznaster também anunciou que outras 100 vagas podem ser fechadas em Quilombo, também no Meio-Oeste.

Para a empresa, é mais viável transportar os animais até Chapecó ou Erechim e Sarandi (No Rio Grande do Sul) abatê-los e industrializar as carcaças, do que manter a unidade de Joaçaba em funcionamento. A economia prevista por Lanznaster com a mudança é de R$ 7 milhões em 2009.

Segundo o presidente da empresa, a reativação da unidade não tem data prevista e só deverá ocorrer depois que o mercado de carnes se regularizar. Mesmo assim, altos investimentos deverão ser feitos no Meio-Oeste.

– Será preciso investir em salas de corte, apreensão de pocilgas, em áreas de água e frios para retomar as atividades. Mas isso só ocorrerá depois que a crise passar, daqui a um, dois, três anos – contou o presidente.

O diretor administrativo da Aurora, Marcos Zordan, confirmou que a agroindústria tem um projeto de reforma da unidade de Joaçaba. Zordan disse que a empresa deve aproveitar a atual conjuntura para paralisar as atividades e fazer as mudanças necessárias.

– O frigorífico está subutilizado.

A Federação acionará o Ministério Público e o Ministério Público do Trabalho para solucionar as questões trabalhistas. Andrade garantiu que tomará todas as medidas para amparar os trabalhadores.

Com o fechamento do frigorífico, mais de mil empregos indiretos serão afetados. Atualmente a unidade de Joaçaba é responsável pelo abate de 800 suínos e pela produção de carcaça. O presidente Mário Lanznaster cobrou um auxílio do governo federal para o setor e investimentos da prefeitura e do governo do Estado para captação de água e de efluentes.

Surpresa

A informação sobre o fechamento da unidade de Joaçaba, divulgada pelo Diário Catarinense na quarta-feira, pegou de surpresa a Federação e os 220 funcionários que trabalham em Joaçaba. Ninguém sabia do posicionamento irreversível da agroindústria.

— No início desta semana, conversamos com a direção sobre os rumores internos do fechamento, mas a informação foi negada. Agora, ficamos sabendo pela empresa que o frigorífico vai fechar na próxima semana. Não houve qualquer preocupação em atender os funcionários — revelou o vice-presidente da Federação, Miguel Andrade.

De acordo com Andrade, os funcionários que não serão demitidos deverão ficar em Joaçaba, trabalhando na manutenção do frigorífico. Os trabalhadores que quiserem ser remanejados para outras unidades deverão comunicar a direção.

DIÁRIO CATARINENSE