| 02/04/2009 08h47min
A Cúpula do Grupo dos Vinte (G-20, os países ricos e os principais emergentes), em Londres, começou nesta quinta-feira marcada pelas diferenças de enfoque entre EUA e países europeus, sobretudo França e Alemanha, sobre a melhor maneira de fazer frente à pior crise econômica desde a Segunda Guerra Mundial.
No entanto, o primeiro-ministro do Reino Unido e anfitrião da reunião, Gordon Brown, abriu o encontro com uma mensagem otimista. O premiê britânico disse que existe "um alto grau de consenso" entre os chefes de Estado e de Governo sobre a maneira de enfrentar a crise e recuperar a economia mundial.
— Acho que o texto que esteve circulando já reflete um grau muito alto de consenso e acordo entre todos nós — disse Brown, ao abrir oficialmente a primeira sessão plenária da cúpula.
Ao lado do presidente americano, Barack Obama, e do ministro da Economia britânico, Alistair Darling, Brown disse que esta é "uma oportunidade" para que os países busquem
conjuntamente "a maneira de
reconstruir nossa economia global" e para que constatem que "os problemas globais precisam de soluções globais".
Em seu breve discurso inicial, Brown deu a palavra aos responsáveis das instituições multilaterais para que comentassem o conteúdo da minuta elaborado há duas semanas pelos ministros da Economia e das Finanças no que se refere ao tema do protecionismo, que qualificou como "uma preocupação compartilhada".
O primeiro-ministro do Reino Unido pediu a intervenção do diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Pascal Lamy, e depois discursarão os chefes de Estado e de Governo, em uma sessão que deve durar pouco mais de duas horas.
Os líderes posaram para a foto oficial da cúpula antes da sessão plenária, que deve durar até 9h de Brasília, quando os líderes farão uma pausa para o almoço e voltarão a se reunir, para concluir a cúpula. Uma entrevista coletiva de Brown entre as 11h30min e 12h de Brasília divulgará o comunicado final do
G-20.
O governo britânico
previu que a cúpula "responderá aos níveis de expectativa e ambição das pessoas" e enviará uma mensagem clara de unidade, que permita recuperar a confiança na economia. Assim disse o ministro da Empresa britânico, Peter Mandelson, em declarações à BBC, nas quais expressou sua confiança de que o comunicado final da cúpula terá conteúdo, porque "não faz sentido voltar aqui e repetir as declarações que já conhecemos".
O importante, na opinião de Mandelson, é que existe um compromisso "de fazer o que for necessário" para sair da crise, nascido da reunião preparatória de 14 de março entre os ministros de Economia e Finanças do G-20, o que implica em que todos os países "têm que fazer mais do que já fizeram".
O ministro britânico respondeu assim a uma pergunta sobre se o governo do Reino Unido está decepcionado com a resistência dos governos europeus, especialmente da França e Alemanha, em se comprometer a aprovar planos adicionais de estímulo fiscal.
—
Ninguém estava pedindo à Alemanha e
à França que viessem aqui a escrever seus orçamentos nacionais — disse Mandelson, que reconheceu, no entanto, que o compromisso de Paris e Berlim para um esforço adicional "está abaixo do nível que gostaríamos de ver".
Protestos
Os primeiros manifestantes começaram a chegar às imediações do centro de conferências Excel, no leste de Londres, onde estão reunidos os líderes dos países do G-20. Cerca de 25 pessoas formam a frente do protesto, que deve acontecer na área durante as próximas horas.
Por enquanto, os manifestantes estão centrando seus protestos na presença na cúpula, como representante africano, do primeiro-ministro etíope, Meles Zenawi, a quem acusam de abusos sistemáticos aos direitos humanos em seu país.
— É triste que Zenawi tenha sido convidado e possa estar com os líderes do mundo, que provavelmente não sabem ou não estão interessados em conhecer o genocídio que está ocorrendo no país e
contra o qual protestamos — disse um dos manifestantes.
Na quarta-feira, protestos em frente ao Banco da Inglaterra, reuniu milhares de pessoas e gerou conflitos, sendo que cerca de 90 pessoas foram detidas. Um manifestante morreu durante os protestos, aparentemente por causa de um ataque cardíaco, mas o fato está sendo investigado por uma comissão policial independente.
Nesta manhã, funcionários dos serviços de limpeza começaram a trabalhar na City, o centro financeiro londrino, onde há bens públicos danificados, vitrines quebradas, pichações e adesivos com mensagens políticas em muitas paredes.
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