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 | 24/03/2009 18h54min

Especialistas dizem que etanol pode virar commodity

Programa do álcool brasileiro utiliza como matéria-prima a cana-de-açúcar, que custa menos do que o etanol de milho produzido pelos EUA

Atualizada em 24/03/2009 às 20h56min Renata Maron | São Paulo (SP)

O fortalecimento do mercado de etanol na América Latina e a diminuição de barreiras tarifárias podem ajudar o produto a virar commodity internacional. É o que defendem especialistas que participam do Sugar and Ethanol Brazil, evento que discute o setor sucroalcooleiro, realizado até esta quinta, dia 26, em São Paulo.

Brasil e Estados Unidos lideram a produção mundial de etanol. O programa do álcool brasileiro utiliza como matéria-prima a cana-de-açúcar, que tem um custo menor do que o etanol de milho, produzido pelos Estados Unidos. Os mercados domésticos dos dois países já estão consolidados, a busca agora é pelo comércio internacional do produto. Uma das saídas para o Brasil conquistar mais mercados é fortalecer as parcerias com países da América Latina.

Além do Brasil, a Argentina e a Colômbia são os países da América Latina mais avançados na produção de etanol. Na década de 80, a Argentina chegou a implantar um programa de álcool, mas que durou poucos anos. Agora, o governo argentino estabeleceu uma mistura de 5% de etanol na gasolina até 2010. A Colômbia já faz a mistura de 10% desde 2005.

O diretor da associação dos produtores de cana da Colômbia, a Assocaña, Alexander Carvajal, veio representar a Colômbia no evento. Segundo o diretor, no ano passado, o país produziu 280 milhões de litros de etanol. Neste ano, a expectativa é chegar aos 320 milhões de litros.

— Copiamos o programa do Brasil e a nossa meta é chegar num momento em que toda a frota colombiana deve usar flex, como a maioria dos veículos no Brasil, assim como chegar à porcentagem de mistura que há no Brasil — diz Carvajal.

Para o presidente do comitê de agroenergia da Associação Brasileira de Agribusiness, Luiz Carlos Correa Carvalho, as parcerias latino-americanas têm que se fortalecer. Porém, é mais importante fazer mais negociações com os Estados Unidos e assim construir o mercado internacional.

— Eu defendo isso, a Abag defende isso. Nós estamos começando a conversar com autoridades e imaginamos que o presidente Obama tem uma grande chance, assim como o presidente Lula de consolidar a liderança, partindo de um trabalho das Américas, livre desse vício do petróleo — afirma Carvalho.

O principal entrave para o etanol brasileiro são as barreiras tarifárias. Para entrar nos Estados Unidos, a taxa para o álcool é de US$ 0,14 por litro. Na Europa, a taxa é ainda mais alta, 19 centavos de euro por litro de etanol.

O presidente da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), Marcos Jank, acredita que não haverá oferta se não houver demanda.

— A demanda hoje é bloqueada por tarifas, que é uma coisa totalmente contraditória, porque o mundo hoje quer se livrar do petróleo, que é escasso, altamente poluente, mas o petróleo circula livremente pelo mundo. E a melhor alternativa comercial, que são os biocombustíveis, são altamente taxados. Então, não dá para falar em etanol como commodity global, enquanto as tarifas não caírem. E é isso que vai criar o mercado — Janik.

Se o etanol fosse visto como produto energético ao invés de produto agrícola, as taxas aplicadas seriam menores, explica Christoph Berg, presidente da consultoria de commodities alemã F.O Litch. Ele elogiou o desenvolvimento brasileiro na produção e citou o crescimento do setor na Colômbia e Argentina. As parcerias são o primeiro passo para criar o mercado internacional.

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