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 | 06/03/2009 19h11min

Financiamento para estocagem de etanol deverá evitar oscilações de preço

Expectativa é de especialistas do setor sucroalcooleiro, que enfrentam dificuldades nas vendas externas

Mariane De Luca | São Paulo (SP)

O financiamento para estocagem do etanol anunciado nesta quinta, dia 5, pelo Ministério da Agricultura deverá evitar grandes oscilações de preço. É o que esperam especialistas do setor sucroalcoleiro, que além dos problemas no mercado interno ainda deve enfrentar dificuldades cada vez maiores nas vendas externas.

Nas últimas três semanas o preço do etanol caiu 13%, resultado da grande oferta de produto no mercado próximo ao início da safra. Para que uma maior quantidade de etanol possa ser estocada evitando superoferta, o ministério vai liberar R$ 2,5 bilhões. O diretor executivo da União da Indústria Canavieira (Unica), Eduardo Leão, diz que a medida atende a um pedido antigo do setor e deverá evitar quedas de preço.

– Se não houver um mecanismo que evite uma grande oferta de etanol no início da safra há risco de que os preços desabem, e isso pode gerar um problema na entressafra no começo do ano que vem, porque os preços podem subir de maneira excessiva – afirma.

Problemas do mercado interno como preço e logística foram discutidos em um seminário em São Paulo, onde também foi debatido outro tema importante: o desafio do etanol brasileiro para conquistar o mercado externo. O Brasil exporta apenas cinco bilhões de litros – menos de 18% da produção.

E quando o assunto é exportação de etanol, não se pode deixar de falar de protecionismo. Os dois principais destinos do combustível brasileiro – Estados Unidos e União Europeia (UE) –impõem barreiras para receber o produto. No caso da Europa, é preciso pagar 19 centavos de euro para cada litro embarcado.

Agora essa dificuldade pode ficar ainda maior. Produtores franceses de etanol divulgaram nesta semana que pretendem ir à UE pedir a adoção de barreiras comerciais temporárias para impedir as importações brasileiras, alegando que o Brasil estaria se beneficiando da desvalorização do real.

O pedido teria partido da empresa Tereos, que responde por 30% da produção europeia de álcool e, inclusive, é a principal acionista da brasileira Açúcar Guarani. O Ministério de Relações Exteriores não foi informado oficialmente sobre o assunto, mas o diretor do Departamento de Energia da pasta, André Castro de Lago, adiantou que o governo já está trabalhando para combater barreiras como esta.

– Não é um caso de um mercado que já existe e de repente cria barreiras. Esses entraves, na verdade, estão sendo colocados na criação desse mercado. É uma coisa muito complexa – explica.

– Isso é legítimo do ponto de vista de política externa, porque eles estão defendendo seus interesses. Mas nós vamos recorrer aos foros apropriados para desqualificar as argumentações – garante o diretor de Agroenergia do Ministério da Agricultura, José Nilton Vieira.

A Açúcar Guarani, subsidiária da empresa Tereos no Brasil, foi procurada pelo Canal Rural e informou que não vai se pronunciar sobre o assunto.

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