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 | 26/02/2009 08h19min

Gasolina no Brasil está 32% mais cara que produtos internacionais

Queda das cotações no mundo ameaça futuro das jazidas pré-sal

Marta Sfredo

Com o barril do petróleo cotado há pelo menos quatro meses abaixo de US$ 50 no mercado internacional, os consumidores brasileiros começam a se inquietar com a falta de sinais de redução de preços dos combustíveis. É fácil esquecer, neste momento, que o repasse também não ocorreu na intensidade da alta que atingiu seu pico em julho do ano passado.

Conforme Walter de Vitto, analista de energia e petróleo da consultoria Tendências, só nos últimos dias os valores domésticos ficaram superiores aos de referência mundial considerando o período desde o último reajuste, em maio de 2008.

– Se olhar ontem (terça-feira), os preços nacionais estão 32,4% acima dos internacionais. Comparando desde maio, quando houve o último reajuste, foi neste mês que a conta se inverteu. Até então, havia uma defasagem causada pela falta de repasse quando o petróleo era recorde. De maio até o dia 24, a diferença a mais é de 0,3% – explica De Vitto.

Na comparação, detalha o analista, são cotados os valores nas refinarias no Brasil, porque os custos variáveis de distribuição são elevados. Na semana passada, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, admitiu a possibilidade de redução de preços no mercado nacional, “se o petróleo continuar como está”, sem mencionar data. Conforme o ministro, o combustível no país leva tempo para cair, assim como demorou a subir na escalada das cotações que atingiu pico em julho de 2008. Lobão lembrou que a Petrobras vem baixando o querosene de aviação.

Para o Brasil, a queda das cotações internacionais representa uma perda de referência da maior riqueza descoberta nas últimas décadas, as jazidas da camada pré-sal. Estimadas em 90 bilhões de barris, as reservas exigem pesados investimentos. Diante do declínio, cresce a incerteza sobre o uso adequado da riqueza.

– O barril entre US$ 33 e US$ 37 torna viável a exploração no pré-sal sem problema algum. A produção deve começar em cinco anos, então o preço do momento não é o mais importante – avalia Márcio Rocha Mello, presidente da Associação Brasileira dos Geólogos de Petróleo.

Acionistas da Petrobras recuperam perdas

O geólogo e pesquisador Giuseppe Bacoccoli pondera que, na época da descoberta de Marlim, maior campo em atividade no país, as cotações internacionais também estavam baixas. O auge da produção, porém, foi atingida em período de alta.

– O que interessa não é o preço de agora, mas de quando entrar em produção. Além disso, a queda deve ajudar a tornar os equipamentos mais baratos, reduzindo os investimentos exigidos – pondera Bacoccoli.

David Zylbersztajn, ex-diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, sugere que o melhor é refazer as contas para evitar riscos desnecessários:

– Se há dúvidas sobre a rentabilidade, e há desafios tecnológicos, logísticos e de financiamento, o melhor é esperar, mesmo que precise adiar.

Esperadas para o final do ano passado, as novas regras para a exploração no pré-sal foram motivo de reunião entre Lobão e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ontem. Para De Vitto, não é o preço que atrasa as definições, mas a crise internacional, que também alterou o foco dos esforços do governo brasileiro.

– Do ponto de vista do acionista da Petrobras, agora está havendo uma recuperação das perdas provocadas antes pela falta de reajuste. Mas o ideal seria que houvesse repasses mais frequentes, que não gerassem um crédito tão alto – observa De Vitto.

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