O diretor-geral da Organização Mundial do Comércio voltou a fazer uma alerta contra a escalada do protecionismo. Em Seul, na Coréia do Sul, Pascal Lamy defendeu as negociações da Rodada de Doha como resposta aos problemas econômicos e disse esperar que a vontade política dos líderes internacionais seja transformada em ação.

Lamy apelou para uma disciplina coletiva contra o que chamou de tentação do protecionismo. O diretor da OMC disse que as nações que tentarem inibir as importações vão ter as exportações prejudicadas. Entre os exemplos que ele citou está a cláusula Buy American, do plano de socorro à economia apresentado pelo governo de Barack Obama. A medida prevê que compras feitas para projetos do governo sejam de produtos do próprio país. Classificado como protecionista, o texto foi suavizado.

Pascal Lamy lembrou que a atual crise é maior desde a Segunda Guerra Mundial, e acrescentou que a confiança na economia internacional virá, entre outras coisas, da limpeza no sistema financeiro e da crença de que os líderes mundiais podem trabalhar em conjunto. O dirigente declarou ainda acreditar que a próxima reunião do G20, marcada para abril, em Londres, vai ser uma oportunidade para que as lideranças demonstrem articulação.

Lideranças latino-americanas também já manifestaram preocupação com o pacote de estímulo econômico dos Estados Unidos. A Comissão Econômica para a América Latina (Cepal) reforçou as críticas à cláusula Buy American e disse acreditar em reflexos negativos do plano para a região.