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 | 28/01/2009 04h58min

"Espero que convocação seja último passo", diz parlamentar italiano radicado no Brasil

Entrevista: Fábio Porta, deputado italiano

Gisele Loeblein  |  gisele.loeblein@zerohora.com.br

Único representante eleito pelo Brasil para as vagas reservadas à América do Sul no parlamento da Itália, o deputado Fabio Porta (Partido Democrático) – nascido em Caltagirone, na Sicília, e radicado em São Paulo desde 1998 – tem dividido seu tempo entre os dois países.

Há uma semana na Itália para cumprir as atribuições do cargo, para o qual foi eleito em março do ano passado, ele conversou com Zero Hora, por telefone, sobre as repercussões do caso Cesare Battisti.

Zero Hora – Como está o clima na Itália em relação ao caso?

Fabio Porta –
Não é muito positivo. A mídia, os políticos estão dando muito espaço ao caso, porque Battisti era considerado terrorista. Se esperava uma resposta positiva do Brasil com relação à extradição. Essa resposta negativa criou uma decepção.

ZH – O que representa o ato de convocar o embaixador italiano no Brasil?

Porta –
Sinaliza o desconforto em relação à decisão do governo brasileiro. Na minha opinião, se trata de uma decisão sem utilidade na solução do caso. Exatamente por ser um problema sério, é uma decisão que nós, na Itália, independentemente da posição política, estamos considerando errada. É preciso trabalhar para evitar que essa questão tenha repercussões em outras áreas que possam complicar a relação entre os dois países. Atitudes assim drásticas, vão justamente na linha contrária. Talvez não seja a coisa mais indicada neste momento.

ZH – O senhor acha que, a partir do episódio, a relação entre Brasil e Itália pode se deteriorar?

Porta –
Espero que a convocação seja o último passo dessa disputa claramente diplomática entre os dois países. Parece um ato já bastante explícito, polêmico em relação a essa decisão. Por outro lado, penso que nem a Itália nem o Brasil têm interesse em complicar as relações. Só temos motivos para fortalecer os laços culturais, sociais, econômicos.

ZH – O assunto tem sido pauta na câmara italiana?

Porta –
Já conversei com o presidente e o vice-presidente da câmara. Estamos pensando em organizar uma missão específica ao Congresso brasileiro, na metade de fevereiro, para poder conversar com nossos colegas.

ZH – Existe risco de constrangimento para os brasileiros que moram na Itália?

Porta –
Acredito que não. Os italianos sabem distinguir, sabem que se trata da decisão de um governo. E penso que também o nosso governo deve ter cometido alguns erros na administração deste e de outros casos parecidos. Então, italianos e brasileiros devem entender que se trata de uma coisa mal administrada pelos dois.

ZH – Isso atrapalha os brasileiros que estão na fila para conseguir a dupla cidadania?

Porta –
Diretamente, não. É claro que tudo que complica a relação entre dois países pode influenciar no sentido de não criar um clima positivo.

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