O Brasil está sendo complacente, sem uma razão convincente, com um assassino condenado pela Justiça, aponta a revista britânica The Economist na edição que chegou às bancas nesta sexta-feira.

O artigo "A loucura do asilo" comenta o caso do italiano Cesare Battisti, que recebeu asilo no Brasil. Segundo a revista, pouca gente na Itália tem dúvidas de que o julgamento de Battisti, ex-militante de esquerda condenado pelo assassinato de dois policiais nos anos 70 e pelo seu envolvimento na morte de um açougueiro e de um joalheiro, foi justo.

— O ministro da Justiça, Tarso Genro, se referiu à tradição do país de receber exilados políticos, variando de Alfredo Stroesner, um ex-ditador particularmente odioso (do Paraguai), a Olivério Medina, um ex-guerrilheiro (da Colômbia). Agora que a democracia é a norma nas Américas, esta tradição é anacrônica — aponta a revista.

Ontem, a pressão para que o governo brasileiro reconsidere a decisão de conceder asilo político ao ex-ativista Cesare Battisti cresceu na Itália. A proposta de solicitar o retorno do embaixador italiano em Brasília, Michele Valensise, para consultas, ganhou corpo no ministério.

Além da mobilização do governo, ativistas se engajaram nos protestos. Militantes favoráveis à extradição enfrentaram o frio para demonstrar insatisfação com a decisão brasileira. Em frente à embaixada do Brasil em Roma, na Piazza Navona, uma dezena de pessoas convocadas pelo partido de centro-direita Movimento para a Itália se reuniu para protestar. Em Milão, a líder do Movimento, Daniela Santanche, uniu-se a outros italianos em frente ao consulado brasileiro.

Por causa do acirramento da crise diplomática, o Supremo Tribunal Federal (STF) deverá julgar o caso no início de fevereiro, assim que terminarem as férias do Judiciário.

Há chances de o julgamento ocorrer em 2 de fevereiro, já no primeiro dia de sessões. A tradição do STF em casos semelhantes, porém, indica que dificilmente o Supremo vai dar prosseguimento à extradição.

As informações são do portal G1.