Notícias

 | 23/01/2009 09h07min

Ofensiva israelense não acaba com os túneis de Gaza

Muitos túneis voltaram a funcionar após cessar-fogo

A ofensiva militar israelense contra o Hamas em Gaza não cumpriu um de seus principais objetivos, de acabar com os túneis clandestinos que ligam a faixa ao Egito, muitos dos quais voltam a funcionar hoje.

— Quando acabaram os bombardeios, fui comprovar como estava meu túnel e encontrei a saída totalmente destruída — explica um morador de Rafah (sul de Gaza) de 45 anos que pediu não ser identificado.

— Mas quando achava que o haviam destruído, vi que uma mangueira sobrava entre os escombros. Então chamei meu sócio do lado egípcio, lhe pedi que tentasse bombear combustível e funcionou — acrescentou, satisfeito.

Este palestino passou os últimos três dias consertando os destroços ao redor da boca do túnel, sua única fonte de renda, que agora volta a funcionar em tempo integral.

Os túneis foram a principal via de escape dos habitantes de Gaza para aliviar o bloqueio que Israel impôs desde que o Hamas tomou o poder da Autoridade Nacional Palestina (ANP) pelas armas, em junho de 2007.

Alimentos básicos, tabaco, álcool, combustível e bens de primeira necessidade entraram em Gaza neste último ano e meio através dos cerca de mil túneis que ligam casas da faixa com outras no Sinai egípcio.

Os túneis foram um bom negócio para o Hamas, que cobra altos impostos a seus proprietários e ainda serviram ao movimento islamita e a outras facções palestinas para contrabandear armamento para a faixa.

Através deles, segundo denuncia Israel, as milícias adquiriram foguetes Grad, de fabricação russa e com maior alcance que os Qassam de fabricação caseira e que se fabricam em Gaza, o que permitiu aos milicianos atacar cidades israelenses a mais de 40 quilômetros de distância, como Bersheva e Ashdod.

— Escavamos túneis porque não temos outra alternativa. O bloqueio de Israel a Gaza é muito duro e os túneis foram uma maneira inteligente de vencê-lo — diz Hashim Abu Jazzar, empregado de um túnel de 23 anos.

Segundo Jazzar, as bombas jogadas pelas tropas israelenses "eram tão fortes que penetravam a terra e provocavam tremores subterrâneos por vários segundos".

— Cada vez que uma bomba caía sentíamos que toda a terra tremia, como se houvesse um terremoto — conta Jazzar, acrescentando que "os militares não bombardearam só os túneis, mas também muitas casas na zona da fronteira".

Militares israelenses afirmam que 80% dos túneis foram destruídos, mas palestinos em Gaza sustentam que muitos que sobraram e já estão em funcionamento.

EFE
 
SHOPPING
  • Sem registros
Compare ofertas de produtos na Internet

Grupo RBS  Dúvidas Frequentes | Fale Conosco | Anuncie | Trabalhe no Grupo RBS - © 2010 clicRBS.com.br • Todos os direitos reservados.