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 | 08/01/2009 15h56min

PIB do agronegócio inverte tendência de crescimento e entra no vermelho

Último resultado negativo havia sido registrado em junho de 2006

Atualizada em 08/01/2009 às 18h19min

Após dois anos em expansão, o Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio entrou no vermelho, invertendo a tendência de crescimento iniciada em julho de 2006. Estimado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/USP), o índice caiu 0,88% em outubro do ano passado, após um ano de taxas mensais acima de 0,80%.

O último resultado negativo registrado foi de 0,148%, em junho de 2006. Segundo a presidente da CNA, senadora Kátia Abreu, tais resultados levam a uma projeção de R$ 685 bilhões para o PIB do agronegócio até outubro de 2008.

– Os efeitos da crise mundial no agronegócio puderam ser dimensionados concretamente a partir de outubro – disse ela, citando os prejuízos sofridos pelas lavouras, fortemente atingidas pelo recuo dos preços.

Conforme a CNA, a queda de 1,42% do PIB do agronegócio da agricultura, em outubro, está ligada à queda dos quatro segmentos do setor, especialmente das atividades dentro da porteira, que registrou decréscimo de 2,20%. Mas, no acumulado de janeiro a outubro, a taxa é positiva, de 5,81%. O agronegócio da pecuária, apesar de também apresentar desaceleração, cresceu 0,44% em outubro, acumulando elevação de 8,56% no ano.

Segundo a senadora Kátia Abreu, o desânimo dos produtores rurais diante do quadro de crise afetou a compra de insumos para a produção agropecuária, invertendo o desempenho apresentado durante o ano. Após nove meses de crescimento sempre acima de 1%, chegando a ultrapassar 2% em alguns momentos, os insumos agropecuários apresentaram queda de 0,47%, em outubro, acumulando no ano elevação de 17,07%.

Para enfrentar a crise, a CNA espera que o governo concentre esforços para não faltar crédito ao agricultor e para garantir preços remuneradores durante o período de comercialização.

– O Ministério da Agricultura prevê a necessidade de R$ 5 bilhões para restabelecer os preços na comercialização da safra. Nós só temos R$ 3 bilhões (já tínhamos R$ 1,5 bi e conquistamos outros R$ 1,5 bilhões no orçamento da União). Mas o governo precisa aplicar de forma efetiva esses recursos – argumentou Kátia Abreu.

A CNA organizou um grupo de trabalho para analisar a crise no campo com os ministérios da Agricultura e da Fazenda, Banco do Brasil e Federação dos Bancos (Febraban). No final do mês ocorre a segunda reunião. A primeira reivindicação será prorrogar o prazo de adesão à renegociação das dívidas até o dia 30 de março. A reunião deve ocorrer no dia 30 de janeiro.

– Para aderir, o produtor tinha que pagar 40% do valor da parcela. Muitos agricultores não conseguiram quitar porque houve redução dos preços de seus produtos e os custos de produção aumentaram muito – justificou a dirigente.

Pior desempenho foi dentro da porteira

Os insumos da agricultura tiveram o pior desempenho, com queda de 0,80% em outubro, embora acumulem elevação de 20,24% no ano. Os insumos da pecuária desaceleraram ainda mais no mês, com crescimento de apenas 0,10%.

– O resultado do segmento de insumos, em outubro, reflete o baixo desempenho em termos de volumes comercializados, mas os preços seguem elevados – afirmou a presidente da CNA.

O pior desempenho entre os segmentos do agronegócio ocorreu nas atividades dentro da porteira, que registraram queda de 0,95%, em outubro, após nove meses de expansão, que resultaram em crescimento de 12,49% no ano. O segmento primário da agricultura encolheu, com taxa negativa de 2,20%, contribuindo fortemente para esse fraco desempenho.

– Houve desaceleração tanto no volume quanto nos preços agrícolas – explicou Kátia Abreu.

O crescimento do volume médio anual das lavouras foi de 6,46%, em outubro, contra 9,26% em setembro, enquanto os preços registraram taxa de 10,99%, frente aos 12,89% de setembro.

Essa desaceleração verificada nos segmentos da produção primária e dos insumos ocorreu também no segmento industrial do conjunto do agronegócio, que apresentou taxa negativa de 0,96% em outubro, repetindo os resultados negativos dos dois meses anteriores. A queda mais acentuada ocorreu na indústria agrícola, de 1,10%, pesando fortemente sobre o resultado negativo de outubro.

O segmento da agroindústria vegetal, principal responsável por esse mau desempenho, caiu de -0,6%, em setembro, para - 1,10% em outubro, atingindo a taxa de 0,75% no acumulado do ano. Apenas as indústrias de celulose e óleos vegetais apresentaram taxas positivas em outubro. 

AGÊNCIA CNA E LUCIANE KOHLMANN (CANAL RURAL), DE BRASÍLIA
 
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