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 | 05/01/2009 19h05min

Indústria de base do setor sucroalcooleiro está em crise

Cancelamento de pedidos leva empresas a demitirem funcionários no período que seria o de maior demanda do ano

Mariane De Luca, Sertãozinho (SP)  |  reportagem@canalrural.com.br

A indústria de base do setor sucroalcooleiro está em crise. Como muitos pedidos de peças e manutenção foram cancelados ou postergados pelas usinas, várias indústrias estão tendo que demitir ou dar férias coletivas aos funcionários no período que seria o de maior demanda do ano.

De dezembro a abril acontece a safra das indústrias que fabricam peças para usinas de cana-de-açúcar. É neste momento que a moagem para e são feitos serviços de manutenção e compra de novos equipamentos. Nestes cinco meses normalmente o volume de pedidos e o fluxo de trabalho aumentam muito. Mas não é o que está ocorrendo desta vez. O atraso na moagem somado a falta de crédito causada pela crise global levou 22% dos pedidos a serem cancelados e 28% postergados.

– Quando falta dinheiro nós atrapalhamos nosso mercado, usinas deixam de melhorar, investir, comprar peças. Isso gera uma corrente de impacto negativo – diz o usineiro Antônio Eduardo Tonielo.

De acordo com o Centro Nacional das Indústrias de Base do Setor Sucroalcooleiro e Energético (Ceise-BR), a redução da demanda por serviços de manutenção e novas peças para usinas de cana será de 30%. Por causa disso, em Sertãozinho (SP), maior polo da indústria de base do Brasil, desde novembro do ano passado 5% da mão-de-obra foi dispensada, ou seja, quase 900 funcionários demitidos.

No município paulista, uma fábrica que produz peças para usinas de São Paulo, Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais está com máquinas paradas e equipamentos prontos para entrega no pátio. O volume de trabalho caiu 30% e o quadro de funcionários teve que ser reduzido de 70 para 25 no último mês. A perda com o cancelamento de pedidos chegou a R$ 1,5 milhão.

– Tivemos que diminuir o quadro de funcionários, demos férias coletivas nesse período, o que geralmente só ocorre no meio do ano, e precisamos buscar alternativas. Quem tinha que conquistar 50 clientes, teve que conquistar 100 para ver se manteria pelo menos o mesmo nível do ano passado, o que não vai acontecer – afirma o diretor- administrativo da empresa, Gilson Rodrigues.

A estimativa é de que 90% das empresas de Sertãozinho estejam enfrentando a mesma situação. O diretor-executivo do Ceise-BR, Flávio Vicari, acredita que as indústrias vão levar pelo menos mais seis meses para se readequar.

– As indústrias que fabricam usinas estão revendo suas expectativas de crescimento – explica.

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