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 | 03/12/2008 04h10min

Votorantim anuncia demissão de 118 trabalhadores no sul do Estado

Decisão é motivada pela postergação do projeto Losango, com investimento de R$ 1,5 bilhão

Álvaro Guimarães, Pelotas/Casa Zero Hora  |  alvaro.guimaraes@zerohora.com.br

No final da tarde de terça-feira em seu pequeno apartamento na Cohab Lindóia, zona norte de Pelotas, o casal Ana Júlia Ferreira, 18 anos e José Carlos Ferreira Júnior, 22 anos não conseguia disfarçar o clima de luto. Ao chegar para trabalhar no início da manhã no viveiro de mudas da Votorantim Celulose e Papel (VCP) em Capão do Leão, Júnior descobriu estar na lista dos 118 trabalhadores demitidos na unidade.

Casados há nove dias, os dois se esforçam para descobrir como manter as contas mensais que chegam a R$ 510 (fora luz, água e telefone) apenas com o salário de R$ 590 ganho por Ana em seus dois empregos, pois a partir de agora não podem mais contar com os R$ 593 que Júnior recebia como operário do viveiro.

— Só casamos e financiamos a casa por acreditar que ele trabalhava em uma empresa estável e ficaria empregado por bastante tempo — diz Ana.

Por ser surdo-mudo Júnior, que estava há cinco meses na VCP, enfrenta uma dificuldade extra na hora de conseguir emprego. E a demissão do marido adiou o sonho de Ana de curso superior.

— Estava pronta para fazer vestibular na Universidade Católica em janeiro, mas agora como irei pagar o curso? — lamenta.

A incerteza lançada sobre o lar dos Ferreira pelas demissões da VCP abalou também a tranqüilidade de prefeitos e lideranças da região na terça-feira. O prefeito de Capão do Leão, Vilmar Schmitt, e o presidente do Sindicato Rural de Arroio Grande, Paulo Freitas, se esforçavam para manter a calma e acreditar que as demissões são apenas um temporário reflexo da crise mundial. Mas o prefeito de Chuí e presidente da Associação dos Municípios da Zona Sul (Azonasul), Hamilton Lima, não escondia a indignação:

— É o tipo de notícia que ninguém recebe bem, pois o que mais precisamos na nossa região são empregos.

Conforme a assessoria de imprensa da VCP, 89 trabalhadores vão manter as atividades no viveiro. A decisão decorre da postergação do projeto Losango, que previa investimento de R$ 1,5 bilhão numa unidade industrial no Estado, uma vez que metade da base florestal necessária no Rio Grande do Sul já estaria plantada. Agora, a prioridade da empresa é acelerar a unidade de Três Lagoas (MS), que deve ter a partida da fábrica antecipada para o final de março de 2009.

Apesar das demissões, a assessoria da VCP confirma o compromisso da companhia em concluir o projeto no Estado, mas informa que não há prazo previsto para a retomada. Os funcionários são ligados diretamente à companhia, que diz esperar poder chamá-los de volta quando um novo horizonte para o Losango estiver definido. Ainda conforme a assessoria, não há risco de novas desmobilizações da força de trabalho.

 
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