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 | 08/11/2008 11h38min

Banco do Brasil e Bradesco estudam aquisições de bancos

Pelo menos sete instituições devem se envolver em processos de fusão ou incorporação

Marta Sfredo  |  marta.sfredo@zerohora.com.br

Com um rival fortalecido provocando ciúmes e a crise global por madrinha, o sistema bancário no Brasil se prepara para um festival de casamentos. Se todos os sinais de compromisso se transformarem em uniões estáveis, pelo menos outras sete instituições financeiras devem se envolver em processos de fusão, aquisição ou incorporação até o final do ano.

Além da aliança entre Itaú e Unibanco, dois fatores recomendam aproximações: o sufoco provocado pelo aperto no crédito e a perspectiva, ainda que de longo prazo, de juros mais baixos no Brasil. Dois bons partidos — Bradesco e Banco do Brasil — passaram a assediar com intensidade possíveis noivas.

— O Banco do Brasil vai tentar incluir Nossa Caixa, Besc e BRB num bolo só. Vai ser mais um passo para a extinção dos bancos públicos estaduais — avalia Alberto Borges Matias, professor de finanças da Universidade de São Paulo e consultor do setor bancário.

Lembrando que a transação entre Itaú e Unibanco foi inspirada na compra do ABN Amro Real pelo Santander, o ex-diretor de Liquidação e Desestatização do Banco Central Carlos Eduardo de Freitas considera "inevitáveis" novas operações:

— A tendência de consolidação e concentração é mundial, cria base de captação com maior estabilidade e permite a oferta de mais serviços aos clientes.

É questão de tempo, admitiu durante a semana o presidente do BB, Antônio Francisco de Lima Neto, a incorporação de alguns bancos estaduais. Até a Caixa Econômica Federal, segundo declarações de seu vice-presidente de finanças, Márcio Percival, estuda fazer propostas. Mais controverso é o futuro de dois bancos bastante diferentes — Safra e Votorantim —, mas com alguma coisa em comum: ambos ligados a grupos com pesadas perdas cambiais. Os irmãos Moise e Joseph Safra têm participação acionária na Aracruz. O grupo também enfrenta dificuldades na sucessão, do mesmo tipo que expunha o Unibanco a rumores de iminente venda ou associação.

Nesse cenário de múltiplos enlaces, a independência de poucos bancos públicos estaduais, como o Banrisul, pode ficar mais difícil. Caso todas as incorporações sejam confirmadas, não devem restar mais de quatro instituições desse tipo. Os especialistas vêem uma situação desconfortável.

— Embora exista resistência política, os Estados em situação financeira mais complicada tendem a aceitar a venda de seus bancos — opina Matias.

— Sou admirador de Yeda Crusius como economista, e o que ela diz é que não vai privatizar o Banrisul, mas uma incorporação pelo BB não seria privatização — pondera Freitas, que conheceu a governadora como deputada em Brasília.

Mesmo sem sinais visíveis, o ex-diretor do BC garante que a perda da liderança entre os privados aguçou o apetite do Bradesco. Só segue o perfil discreto do fundador Amador Aguiar. O Unibanco, pondera, não era o par ideal:

— Quando faz esse tipo de negócio é preciso ter muitas coisas em comum. Se o Unibanco se unisse ao Bradesco, poderia terminar em divórcio.

Na avaliação de Freitas, a melhor jogada do Bradesco pode ser uma conexão internacional — daria acesso ao Exterior, hoje restrito, e contaria com a fragilização de instituições dos países desenvolvidos. Se no topo do ranking a tendência é de ainda maior concentração — com a fusão do início da semana, cinco bancos detêm 74,3% de todos os depósitos —, na base é possível que a pulverização se mantenha. Há cerca de 140 médios e pequenos bancos com ativos de menos de R$ 10 bilhões.

— Os menores não agregam muito e podem representar mais custo. Os grandes gostam de trabalhar com os pequenos em sistema quase de franquia, que tem se mostrado mais produtivo. Até pode haver um negócio ou outro, quando há um nicho específico ou uma carteira muito interessante, mas o que vai reduzir mesmo é o número de grandes bancos de varejo — prevê Matias.

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